A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) condenaram, em nota conjunta, a convocação do repórter fotográfico Adriano Machado, da Agência Reuters, pela CPI Mista dos Atos Golpistas de 8 de janeiro.
A CPI aprovou a convocação do fotógrafo nesta quinta-feira (3). Ele foi alvo de 9 requerimentos de convocação apresentados por integrantes da oposição. Os bolsonaristas alegam que o fotógrafo seria uma pessoa infiltrada e que incentivou os atos.
No dia da invasão da sede dos Três Poderes, Adriano estava a trabalho no prédio do Congresso Nacional registrando a ação dos manifestantes, assim como outros profissionais de comunicação de empresas de mídia nacional e internacional.
Parlamentares do governo na CPI se manifestaram contra o pedido dos bolsonaristas.
Leia a nota na íntegra:
ABI e FENAJ rejeitam convocação de repórter pela CPMI
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por meio de sua Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos (CDLIDH), e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) protestam contra a convocação, pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023 (CPMI – 8 de Janeiro), do repórter fotográfico Adriano Machado, da Agência Reuters, como testemunha dos acontecimentos naquela fatídica tarde.
A convocação – caso realmente seja concretizada – deve ser entendida como uma tentativa de intimidar e constranger não apenas Machado, mas também todos os demais repórteres – fotográficos ou não – que deveriam receber dos políticos e governantes garantias para o pleno exercício profissional. Se concretizada, será um grave precedente contra a livre atuação dos profissionais. Em especial os de imagem.
Alegar, como consta dos requerimentos de convocação de Machado, assinados por senadores e deputados federais da base oposicionista, que o repórter fotográfico estava no Palácio do Planalto, na tarde do dia 8 de janeiro, a serviço do governo e em conluio com os terroristas que depredavam o prédio público, é apenas um aspecto do desvario desses parlamentares.
Eles, assim como todos aqueles que pautaram e aprovaram essa convocação, a começar pelo presidente da CPMI, Artur Maia (UB-BA), deliberadamente ignoram que Machado foi intimidado e ameaçado pelos terroristas. Esses, na falta de coragem de assumirem seus atos criminosos, forçaram o profissional a eliminar alguns dos flagrantes por ele captados.
A FENAJ e a CDLIDH da ABI esperam que os membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro revejam essa transloucada convocação, típica de regimes autoritários, uma vez que visa somente intimidar e constranger profissionais da imprensa no exercício de suas funções. O depoimento do jornalista em nada contribuirá para a identificação dos responsáveis pelos atos terroristas. Suas fotos, sim!
Em nome da plena Liberdade de Imprensa e do Estado Democrático de Direito, espera-se que prevaleça o bom senso e o respeito a todos os profissionais de comunicação.
Rio de Janeiro, 03 de agosto de 2023