Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que o youtuber bolsonarista João Victor Oliveira Araponga Salas organizou uma “vaquinha” para ajudar terroristas que participaram da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Nos dias 10 e 11 de janeiro, João Salas realizou transmissões ao vivo disseminando fake news sobre as eleições de 2022 e sobre a situação dos que foram presos nos dias 8 e 9.
Durante as lives, ele pediu para que os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro fizessem transferências para uma chave PIX e mostrou comprovantes de passagens que comprou no mesmo dia.
Segundo a Abin, Salas estava fazendo uma campanha para ajudar os terroristas que participaram da tentativa de golpe e ainda estavam no Distrito Federal a deixar o local. O relatório já foi enviado para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe e divulgado pela CNN.
João Salas esteve no acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, participou do ataque à sede da Polícia Federal, no dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado, e do ataque terrorista do dia 8 de janeiro.
Em suas redes sociais, ele “repercute notícias falsas referentes ao pleito eleitoral de 2022 e à detenção de pessoas em decorrência dos atos de 8 de janeiro”, disse a Abin.
Em dezembro, a Justiça determinou o bloqueio de suas contas no Twitter, Youtube e Instagram por ameaças contra a democracia. Hoje, ele voltou a usar o Instagram, ignorando a determinação judicial.
Ele também usa o Gettr, plataforma criada por aliados do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para dar espaço à violência da extrema-direita, longe de qualquer controle das leis.
Na CPMI do Golpe, um requerimento de convocação de João Salas já foi apresentado para que ele compareça como testemunha. Os parlamentares podem investigar a fonte do dinheiro usado por ele para financiar os acampamentos golpistas.
Ligado aos setores mais extremistas do bolsonarismo, Salas organizou uma manifestação a favor do perdão presidencial concedido por Bolsonaro ao golpista Daniel Silveira, condenado por ameaças ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O youtuber alugou um caminhão de som que foi usado na passeata pró-Silveira.
Ano passado, ele foi candidato a deputado distrital pelo PTB, partido de Daniel Silveira e Roberto Jefferson.
Jefferson está preso, assim como Silveira, depois de ameaçar publicamente a vida dos ministros do STF e defender um golpe de Estado.
Na CPMI do Golpe, o ex-comandante da PM do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, disse que chegaram notícias de que Salas teria estuprado alguém dentro do acampamento golpista, em frente ao QG do Exército.
“Nesse período, vazou um vídeo na internet onde um senhor chamado Renan Sena acusava um outro líder de manifestação, (…) João Salas. Ele teria inclusive cometido estupro dentro do acampamento”, contou Naime.