O governo Bolsonaro espionou, usando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a pesquisadora Luiza Alves Bandeira, que estudou a rede de fake news do “gabinete do ódio”.
A Abin era dirigida na época por Alexandre Ramagem, íntimo da família Bolsonaro, e atualmente deputado federal.
A Abin monitorou a pesquisadora através da ferramenta FirstMile e produziu relatórios.
Luiza Alves Bandeira fez um estudo que demonstrou a participação direta de um assessor de Bolsonaro e de gabinetes aliados.
No dia seguinte à publicação do estudo, em julho de 2020, a Abin usou a FistMile duas vezes para rastreá-la.
Também foram produzidos relatórios com foto e informações pessoais, salvos sob os títulos”2020-07- Facebook rev” e “Atlantic”.
O estudo liderado por Luiza resultou na exclusão de 33 contas e 14 páginas no Facebook, além de 37 contas no Instagram.
Essas contas eram usadas para a disseminação de fake news e ataques a opositores de Bolsonaro nas redes.
Luiza afirmou ao jornal O Globo que “fui perseguida porque estava começando a dar indícios de toda essa estrutura de vigilância, de operações e rede de influência do governo passado. Espero que tudo seja investigado e que as medidas adequadas contra quem fez isso sejam tomadas”.
A Abin destacou, em comunicado, que o caso ocorreu em “gestões passadas”.
“Os casos apurados ocorreram de forma paralela ao trabalho legítimo e republicano da inteligência brasileira”, disse o órgão.
A FirstMile, uma empresa israelense, é capaz de identificar a localização de qualquer celular a partir das antenas de telefonia.
O governo Bolsonaro também utilizou a ferramenta para espionar adversários políticos e jornalistas.