Sem recursos para o setor, “efeitos poderão ser devastadores”, alerta Humberto Barbato, presidente da Abinee
A dificuldade de crédito em meio à crise é um dos principais problemas enfrentados pela indústria elétrica e eletrônica durante a pandemia, revelou pesquisa realizada pela Abinee, associação nacional que representa o setor.
Para Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), “os bancos estão empoçando dinheiro e o governo precisa ver essa questão com urgência”. Segundo ele, sem recursos para o setor, “os efeitos poderão ser devastadores”.
Enquanto 97% dos entrevistados na pesquisa dirigida pela entidade afirmam estar passando por dificuldades durante essa crise, apenas 7% consideram que as medidas apresentadas pelo governo facilitaram o acesso ao crédito. Do total, 47% já estavam operando em abril (período da coleta de dados) em regime de paralisação parcial ou total de seus parques produtivos, enquanto aguardavam por um socorro que ainda não chegou.
“As empresas relataram que as medidas adotadas pelo Banco Central, com o objetivo de aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional não facilitaram efetivamente a adoção do crédito. As empresas informaram que os recursos do compulsório que foram reduzidos pelo Banco Central não estão sendo repassados pelos bancos”, diz a pesquisa, que se refere às medidas emergenciais anunciadas pelo governo federal no início do mês passado, como a emissão de mais de R$ 1,2 trilhão para aumentar a liquidez dos bancos, que em tese facilitariam o acesso ao crédito.
“O aumento de liquidez se tornou inócuo”, diz o documento. “O crédito está muito seletivo, os banco estão exigindo muitas garantias e oferecem juros elevados, o que torna o financiamento inviável para as empresas de forma geral, principalmente para aquelas que já estão endividadas”.
Barbato, por fim, também afirma que a crise atual é uma importante oportunidade para se avaliar se devemos seguir dando pouca ou nenhuma atenção à política industrial, diferentemente do que outros países desenvolvidos estão fazendo. “Com a pandemia, o nível de vulnerabilidade do Brasil frente a outros mercados se escancarou”.