
“Essa linha emergencial é crucial para evitar um colapso imediato e dar fôlego até que se encontre uma solução duradoura”, afirma Eduardo Lobo, presidente da entidade
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) protocolou na segunda-feira (21) no Palácio do Planalto, diretamente ao presidente Lula, um pedido para a criação de uma linha emergencial de crédito voltada às indústrias exportadoras de pescado com “o objetivo é mitigar os impactos imediatos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros do setor”.
A proposta da entidade é uma linha de crédito emergencial no valor de R$ 900 milhões para fazer frente à tarifa de 50% imposta por Trump às exportações brasileiras para o mercado norte americano, previstas para vigorar a partir de primeiro de agosto. O resgate do empréstimo seria feito com seis meses de carência e prazo de 24 meses para pagamento.
“O mercado norte-americano representa cerca de 70% do destino do pescado exportado pelo Brasil. Com a nova taxação, estima-se que cerca de R$ 300 milhões em produtos estejam parados entre pátios portuários, embarcações e unidades industriais”, diz a Abipesca em nota.
“Caso não haja uma resposta rápida, 35 indústrias e aproximadamente 20 mil trabalhadores, incluindo pescadores artesanais, podem ser impactados com cortes e paralisações”, alertou a associação.
De acordo com o presidente da entidade, Eduardo Lobo, “o setor está sem alternativa no curto prazo. Sem crédito, não há como manter os estoques, honrar compromissos e preservar os empregos. Essa linha emergencial é crucial para evitar um colapso imediato e dar fôlego até que se encontre uma solução duradoura”.
A Abipesca solicita também que o governo federal intensifique negociações para reabertura do mercado europeu, que se encontra fechado às exportações brasileiras de pescado desde 2017. Agora, o setor quer prioridade da retomada da exportação de pescados brasileiros à União Europeia (UE), como alternativa de fluxo comercial até agora feito para Estados Unidos. A entidade avalia que a nível presidencial o tema pode acelerar a retomada desse importante destino comercial.
A intromissão descabida nos assuntos internos dos Estados Unidos no Brasil levantou uma onda de indignação entre empresários, trabalhadores, muitos outros setores da sociedade e do governo, que buscam até o último momento negociações que revertam a tarifação absurda de 50%, mas que como a Abipesca também se preparam para enfrentar as atitudes imperiais de Trump de cabeça erguida.