“O País, sua agricultura e sua indústria, não podem ficar dependentes 100% de importações de produtos tão estratégicos”
A Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) manifestou “surpresa e indignação” com a notícia da desativação das fábricas de fertilizantes localizadas em Sergipe (“Fafen–SE”) e na Bahia (“Fafen-BA”) pela diretoria da Petrobrás.
Em nota, a entidade destaca que “as duas unidades de fertilizantes da Petrobras possuem capacidade de produção conjunta de 36,3 mil toneladas de ácido nítrico, quase 1 milhão de toneladas de amônia e mais de 1,1 milhão de toneladas de ureia, sem contar outros produtos derivados do próprio processo, como dióxido de carbono, sulfato de amônio e ARLA (ureia diluída, utilizada para redução das emissões de NOx nos caminhões que utilizam diesel).
A ABIQUIM “refuta veementemente” a afirmação feita pela direção da estatal “de que ‘o País já importa 85% da demanda nacional por fertilizantes”, o que nos leva a concluir que não haveria problema de suprir totalmente o mercado com importações”. Para a entidade, “O País, sua agricultura e sua indústria, não podem ficar dependentes 100% de importações de produtos tão estratégicos. Não podemos captar toda e qualquer vulnerabilidade que o mundo tente passar para o País, especialmente no que diz respeito à agricultura. De que adianta termos a agricultura mais competitiva do mundo se não conseguimos construir uma cadeia de fornecedores locais e que agregue valor ao País”.
“A elevada dependência por importações deixa o país vulnerável às flutuações do câmbio e dos preços, trazendo também algum risco relacionado a eventual escassez de insumos básicos. A ABIQUIM, contrariamente à posição da Petrobras e dada a importância estratégica dos fertilizantes, sempre defendeu que seria necessário reduzir a participação das importações sobre o consumo nacional, elevando a produção interna. O país tem reservas de fósforo e de potássio, matérias-primas para a produção de fertilizantes fosfatados e potássicos, com potencial para serem exploradas. Além disso, com a descoberta do pré-sal, a oferta de gás natural, que é insumo básico para a produção de nitrogenados, deve ser ampliada”, afirma.
Com a crescente resistência da sociedade contra mais essa tentativa de desmonte da Petrobrás, manifestada através de seus funcionários, de governantes e parlamentares da região, da indústria e entidades como os sindicatos e federações de petroleiros e a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), a Petrobrás anunciou nesta terça-feira (27) que adiou a “hibernação” das fábricas por 120 dias.
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