Denunciadas por consumidores por tarifas e práticas abusivas, empresas lucraram R$ 8,7 bilhões de janeiro a setembro
As operadoras de planos de saúde e administradoras desses planos por adesão obtiveram no Brasil um lucro líquido de R$ 8,7 bilhões até o terceiro trimestre de 2024. É o desempenho econômico-financeiro mais positivo para o período desde 2020, o primeiro ano da pandemia de Covid-19. O lucro registrado pelo setor, de janeiro a setembro deste ano, representa um aumento de 178% em relação ao lucro do mesmo período no ano anterior.
Os planos empresarias respondem por 70% dos segurados e beneficiários. No ranking de maior lucro está a Sul América Companhia de Seguro Saúde, que obteve um resultado líquido de R$ 1,3 bilhão no acumulado do ano.
A Bradesco Saúde vem em segundo lugar, com (R$ 895 milhões), Notre Dame Intermédica Saúde vem na sequência com (R$ 606 milhões), Amil Assistência Médica Internacional (R$ 535 milhões) e Hapvida Assistência Médica (R$ 473 milhões), completam as cinco mais rentáveis.
A receita do setor aumentou 12%, no acumulado dos nove primeiros meses aos R$ 257,8 bilhões. Nos últimos 7 anos, o setor acumulou R$ 43,8 bilhões de lucros. Os resultados foram apresentados na terça-feira (10) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Os elevados valores pagos pelos segurados quando da contratação dos planos, as mensalidades corrigidas por índices de aumento proibitivos, decididos pelas operadoras, sem qualquer tipo de controle da ANS nos planos empresariais, a suspensão de contratação de planos individuais, cujos índices de reajuste são em parte controlados pela ANS, estão entre os elementos que permitem o nível de lucros das operadoras.
Surpreende o volume de recursos financeiros do setor, conforme ANS, em um total de quase R$ 120 bilhões. Dinheiro aplicado em títulos financeiros, responsáveis por parte significativa dos lucros do setor, certamente acumulado dos lucros operacionais dos anos passados.
EXTORSÃO CONTRA OS IDOSOS
Os grandes lucros das operadoras acontecem, entre outros fatores, em razão da exploração com que tratam os idosos com mais de 59 anos. Para começar, ao atingir essa idade as mensalidades são catapultadas em 30%, 40%, só pela mudança de faixa de idade.
Acrescenta-se a isso os aumentos abusivos que acontecem a cada ano, no caso aplicados também a todos os segurados. Nos últimos, pelo menos, 10 anos, os índice praticados foram, em média, na faixa de 17% ao ano. Quem pagava até os 59 anos R$ 1.000,00, por exemplo, com mudança de faixa e aumentos anuais estaria pagando ao término dos 10 anos R$ 6.729,56.
Ou seja, aos 69 anos, quando mais precisa do plano, o segurado se vê expulso do mesmo por falta de orçamento para mantê-lo. Quem pode suportar uma variação nas mensalidades que atinge a cifra acima que representa 573%. Que família, que segurado, obtém em 10 anos um aumento da sua renda em um percentual desses?
Não precisa de nenhum outro expediente para, na prática, expulsar esses segurados nessa situação. Ficam com os lucros no período que o segurado pouco ou nada usou o plano e não querem que eles usem o plano quando mais precisam.
A sinistralidade, verdadeira caixa preta de informações e principal indicador que explicaria o desempenho operacional nas operadoras médico-hospitalares, principal segmento dentre os planos de saúde, registrou no 3° trimestre de 2024 o índice de 85,3% (3,3 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior). Esta é a menor sinistralidade registrada para o período desde 2020 – um ano atípico, de baixa sinistralidade em razão da pandemia.
O governo abriu um processo administrativo contra os planos de saúde, alvo de denúncias de cancelamentos e práticas abusivas.
J.AMARO
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