
31 figuras públicas de Israel – políticos, acadêmicos, artistas e intelectuais – pediram à comunidade internacional que imponha “sanções devastadoras” para deter o genocídio de palestinos em curso na Faixa de Gaza, agora agravado pela fome
“A comunidade internacional deve impor sanções devastadoras a Israel até que este ponha fim a esta campanha brutal e implemente um cessar-fogo permanente”, conclama o documento, que denuncia ainda que “nosso país está matando pessoas de fome em Gaza e ponderando a remoção forçosa de milhões de palestinos de suas terras”.
A carta foi publicada dois dias após os mais conhecidos grupos de direitos humanos de Israel, o B’Tselem (Centro Israelense de Informação para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados) e o Médicos pelos Direitos Humanos, pela primeira vez atestarem que seu país está cometendo genocídio contra os palestinos.
O documento, assinado entre outros pelo vencedor do Oscar, Yuval Abraham; o ex-presidente do parlamento israelense e ex-chefe da Agência Judaica, Avraham Burg; o ex-procurador-geral israelense, Michael Ben-Yair; o pintor Michal Na’aman; o poeta Aharon Shabtai; o cineasta Ra’anan Alexandrowicz; o diretor do filme vencedor do Leão de Ouro “Líbano”, Samuel Maoz; e o coreógrafo Inbal Pinto, foi tornado público na terça-feira (29) pelo jornal britânico The Guardian, e por si só desmascara o cínico intento de chamar a repulsa ao genocídio de “antissemitismo”.
“Bloquear comida, água, remédios e energia – especialmente para crianças”, como Israel está fazendo, “é indefensável”. “Não permitamos que nossa dor se transforme em indiferença, nem que nosso amor por Israel nos cegue aos clamores dos vulneráveis. Enfrentemos o desafio moral deste momento”, convocam os signatários.
“Ninguém deveria ficar imune à fome generalizada que afeta milhares de habitantes de Gaza”, eles acrescentam. “A situação é terrível e mortal. A principal resposta moral deve começar com corações angustiados diante de uma tragédia humana de tamanha magnitude”.
Ben-Yair, em recente pronunciamento, já havia condenado explicitamente o genocídio. Não é a primeira vez que o mundo se vê em tal circunstância. Nos anos 80 e 90 do século passado, durante a luta encabeçada na África do Sul pelo grande Nelson Mandela pelo fim do apartheid, as sanções vindas do mundo inteiro contra os racistas agravaram o isolamento do regime e contribuíram para forçá-lo a negociar uma saída democrática.