
“Nunca se apresentou perante o TSE qualquer evidência ou mesmo indício de fraude. Cabe lembrar que, nos EUA, o voto é impresso, o que não impediu dezenas de ações para questionar o resultado eleitoral, todas sem êxito”, frisou o ministro
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, condenou na quinta-feira (7) as ameaças feitas por Jair Bolsonaro de que, se não for voto impresso em 2022, vai acontecer coisa pior do que aconteceu nos Estados Unidos. “Uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem. Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições”, afirmou o ministro.
“A vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam”, acrescentou o ministro, que foi um dos primeiros a condenar a invasão do Congresso americano por hordas fascistas incitadas por Donald Trump. O guru de Bolsonaro tentou um golpe para tentar se aferrar ao poder mesmo tendo perdido as eleições por mais de 7 milhões de votos para Joe Biden.
“No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apoiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”, disse Barroso, na ocasião. “Os invasores do Congresso americano são “extremistas inconformados com a derrota”, acrescentou o presidente do TSE.
O ministro Edson Fachin também condenou a invasão do Capitólio e alertou para o perigo de Bolsonaro querer repetir aqui as atitudes golpistas de Trump. “A violência cometida contra o Congresso norte-americano deve colocar em alerta a democracia brasileira”, disse Fachin.
Sobre a afirmação de Bolsonaro, de que houve fraude nas eleições de 2018, o ministro Barroso cobrou provas. “Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições.”
Ele defendeu as urnas eletrônicas e afirmou que o sistema é auditável e fiscalizável, diferentemente do que afirma Bolsonaro. “Cabe lembrar que, nos Estados Unidos, existe o voto impresso, o que não impediu o ajuizamento de dezenas de ações para questionar o resultado eleitoral, todas sem êxito. Tudo o que não se precisa no Brasil é a judicialização do processo eleitoral”, frisou o ministro.
“Nunca se apresentou perante o TSE qualquer evidência ou mesmo indício de fraude. No Brasil, fraude havia no tempo do voto em cédula, o que está vastamente comprovado nos registros históricos”, assinalou. Ele ainda lembrou que o voto impresso não é possível de ser implementado no Brasil por decisão do STF, que o declarou inconstitucional por unanimidade. “O Tribunal concluiu que a impressão colocaria em risco o sigilo e a liberdade de voto, além de importar em um custo adicional de quase R$ 2 bilhões, sem qualquer ganho relevante para a segurança da votação”, concluiu.