Após um novo acidente com o modelo 737 MAX 8 da Boeing, que deixou 157 vítimas fatais na Etiópia no domingo (10), vários governos decidiram proibir de levantar voo a recente versão do avião comercial da Boeing, cujo projeto é alvo de sérias críticas de especialistas. Em apenas cinco meses, este foi o segundo grande desastre envolvendo esse modelo. No final de outubro do ano passado, 189 pessoas morreram em um voo da Indonésia Lion Air, em situação idêntica, logo após a decolagem.
Obedecendo o princípio de “tolerância zero para riscos de segurança”, a Administração de Aviação Civil da China ordenou às companhias aéreas que mantenham no solo todas as aeronaves do modelo da Boeing em questão.
A suspensão, alertam as autoridades chinesas, é plenamente justificável. “Dado que os dois acidentes envolveram dois modelos Boeing 737 MAX 8 entregues recentemente e que ocorreram durante a fase de decolagem”. O anúncio impactou a empresa norte-americana, pois a China Southern Airlines é uma das maiores clientes da Boeing para esse modelo de aeronave e tem várias unidades encomendadas.
A Ethiopian Airlines (empresa etíope proprietária da aeronave que se acidentou) e a Cayman Airways (das Ilhas Cayman) também anunciaram que interromperam a utilização desse modelo após a queda da aeronave perto da cidade de Bishoftu, 62 km a sudeste da capital etíope, Adis Abeba. Utilizando cinco aviões novos do 737 Max 8 e aguardando outros 25, a Ethiopian Airlines suspendeu sua utilização como uma “precaução extra de segurança”.
Como já vinha alertando o presidente da Associação dos Investidores Minoritários do Brasil (Abradin), Aurélio Valporto, “a verdade é que o departamento de projetos da Boeing está velho e ultrapassado, seus projetos não têm condições tecnológicas de concorrer com as novas versões do A320 (produzidos pela Airbus)”, sublinha. Valporto também avalia que a entrega da Embraer para a Boeing é um negócio lesivo aos interesses nacionais.
O presidente da Abradin também chamou a atenção para os sérios problemas do Boeing 737-MAX 8, a quarta geração da família 737, “que resultaram não somente numa turbina menos eficiente por conta de problemas de projeto no trem de pouso, mas, aparentemente, problemas eletrônicos e de projeto graves que resultaram em acidentes fatais que resultaram na morte de todos os ocupantes”.
No Brasil, apenas a Gol possui aviões desse modelo, operando com sete deles em rotas para os Estados Unidos, América do Sul e Caribe, preferencialmente. A Gol fez elogios aos 737 Max 8, mas, preferiu suspender o seu uso temporariamente. Outras empresas, porém, operam o modelo em rotas que incluem o Brasil, como a Aerolíneas Argentinas.
A diretora geral de transporte aéreo da Indonésia, Polana B. Pramesti, explicou que “sem uma ampla inspeção nos aviões da Boeing, eles não voltarão a voar”, pois é preciso “em primeiro lugar garantir a segurança dos passageiros”. Atualmente, seu país tem 11 aviões desse modelo.
As caixas-pretas do avião acidentado na Etiópia foram encontradas nesta segunda-feira (11). Os gravadores de dados de voo digital e de voz da cabine poderão ajudar a esclarecer a tragédia que ceifou a vida de viajantes de mais de 30 nacionalidades.