A polícia de Baltimore, maior cidade do estado de Maryland, decretou “lei marcial” em um bairro de West Baltimore onde o detetive Sean Suiter foi assassinado na quarta-feira (15). Suiter estava patrulhando as ruas quando abordou um homem suspeito e foi alvejado na cabeça, morrendo pouco depois de chegar ao hospital.
Em resposta ao crime, a polícia de Baltimore reagiu desproporcionalmente ao transformar o bairro em uma grande “prisão ao ar livre”, fechando as ruas e estabelecendo postos de controle para os cidadãos. Outro grupo de oficiais, portando equipamentos táticos, passavam de porta em porta para revistar as casas, conforme noticiou o site Baltimore Brew. Muitos residentes foram proibidos de entrar em seu próprio bairro, a menos que portassem identificação adequada.
“Eles estiveram na minha casa três vezes perguntando: ‘Você ouviu alguma coisa? Você sabe alguma coisa’, disse Edward Stanley, um residente local, que teve de comprovar residência antes de entrar no bairro. Outra moradora, Shelly (25), relatou a situação: “Eles sabem que eu vivo aqui. Me viram entrando e saindo do bairro. Mas o policial me derrubou mesmo assim”.
“Eles queriam saber onde eu estava. Por que eu tenho que dizer isso a ele? Só estou tentando ir para minha própria casa”, disse Samantha (50), que acompanhava Shelly. “Nós não recebemos nosso correio desde o incidente. O município vai pagar as taxas atrasadas das minhas contas?”
Outra mulher, que preferiu não se identificar, disse que o assassinato do policial é algo muito triste, mas que não justifica o abuso policial e o descaso com os moradores. “É tão triste o que aconteceu com o oficial, espero que eles peguem o culpado. Porém o que está acontecendo é muito abuso. Nunca vi nada parecido”.
A União Americana pelas Liberdades Civis de Maryland (ACLU, nas siglas em inglês) divulgou um comunicado manifestando sua preocupação devido aos abusos policiais que tem imposto revistas aos moradores, que em algumas ocasiões chegaram a ser impedidos de entrar no bairro. “Embora a busca de um assassino seja uma alta prioridade para a polícia, os limites legais para a ação policial não desaparecem. Nesse sentido, pelo menos um tribunal federal disse que a adoção do sistema de isolamento e postos de controle são inconstitucionais”.
Ainda para a ACLU, “a necessidade de preservar as evidências na cena do crime de contaminações não explicam a ampla área de restrição adotada nos dias após o incidente”. Até agora ninguém foi preso ou apontado como suspeito e maiores informações permanecem escassas a todos os moradores e imprensa.