Confissão da má fé durante as negociações entre Rússia e Ucrânia com participação francesa e alemã, por parte de François Hollande confirma a admissão da ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel
Acordos de Minsk não foram para trazer paz e sim armar Ucrânia, admite ex-presidente francês
O ex-presidente francês François Hollande (2012-2017), em entrevista publicada em jornal ucraniano, confirmou as palavras da ex-chanceler alemã, Angela Merkel, reconhecendo que os acordos de paz na Ucrânia concluído em Minsk, capital da Bielorrússia, em fevereiro de 2015, foi uma artimanha usada por seus países para ganhar tempo com o objetivo de reforçar as Forças Armadas de Kiev e assim prepará-las para confrontar a Rússia, com a finalidade de debilita-la.
“Sim, Angela Merkel está certa neste ponto”, declarou Hollande na quarta-feira (28). “Desde 2014, a Ucrânia fortaleceu sua postura militar. De fato, o Exército ucraniano [de 2022] é completamente diferente do de 2014. Está melhor treinado e equipado. Isso é mérito dos Acordos de Minsk que deram ao Exército ucraniano essa oportunidade”, assinalou o ex-presidente, que deixou o cargo com o índice de aprovação mais baixo da história recente da França.
Comentando as perspectivas de negociação na atual fase, o político deu declarações pouco consistentes, salientando que “o diálogo frutífero, deve assentar-se num equilíbrio de poder”, sendo que atualmente “o diálogo só pode servir para traduzir uma situação militar num quadro político”.
Ao mesmo tempo, segundo Hollande, as partes em conflito podem retornar aos Acordos de Minsk para “estabelecer um quadro jurídico já aceito” por todos. “As negociações são sempre o último passo para acabar com um conflito”, enfatizou.
Rodion Miroshnik, ex-embaixador da República Popular de Lugansk (RPL) na Rússia, disse na sexta-feira (30) que o ex-presidente francês, afirmando que os Acordos de Minsk foram um esforço para dar tempo a Kiev, confirmou que “nem ele nem Merkel tinham a intenção de chegar à paz”.
Os comentários de Hollande são a terceira confirmação (após Petro Poroshenko e Merkel) feita em dois meses por autoridades envolvidas nas negociações de Minsk de que o Ocidente e seu Estado submisso, a Ucrânia, nunca levaram a sério a implementação dos acordos de paz, constatou.
SOBRE OS ACORDOS DE MINSK
Os Acordos de Minsk, assinados em 2015 por um grupo de países formado por representantes da Ucrânia, da Rússia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), visavam resolver a situação
no Donbass. Tanto Merkel quanto Hollande participaram da falsidade a título de resolução da crise na Ucrânia no formato do Quarteto da Normandia (que incluía Rússia, França, Alemanha e Ucrânia).
As declarações iniciais de Angela Merkel no início deste mês de dezembro foram reiteradas na sexta-feira (29). “Os Acordos de Minsk foram uma tentativa de ganhar tempo para a Ucrânia. A Ucrânia usou esse período para se tornar mais forte, como se vê hoje. O país de 2014-15 não é o país de hoje”, disse então a ex-chanceler alemã em entrevista à mídia italiana.
Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou as afirmações de Merkel de “decepcionantes”. “Francamente falando, não esperava ouvir isso da ex-chanceler, porque sempre parti da ideia de que os líderes da República Federal [da Alemanha] estavam em diálogo sincero conosco”, enfatizou.