David Commissiong, embaixador de Barbados na Comunidade do Caribe (Caricom), afirmou no domingo (20) que a decisão do governo de destituir a Rainha da Inglaterra como chefe de Estado da pequena nação insular e buscar a soberania total faz parte da evolução natural do país.
“Isso é parte de nossa evolução natural. À medida que assumimos o controle total de nossa soberania, expressamos total confiança em nossa própria capacidade de administrar totalmente nossos assuntos nacionais”, declarou Commissiong à Sputniknews.
Os planos para instituir a república em Barbados a partir de novembro do próximo ano, e consequente remoção da vetusta rainha inglesa Elizabeth II do posto de chefe de Estado foram anunciados pela governadora-geral da ilha, Sandra Prunella Mason, em discurso ao parlamento de Barbados na quarta-feira (16). Ex-colônia britânica, Barbados é independente desde 1966.
De acordo com Commissiong, o projeto de tornar o país uma república foi formulado pela primeira vez há 20 anos, mas acabou interrompido por uma pequena – mas economicamente forte – população de minoria branca, além de alguns barbadianos negros mais velhos.
“Houve uma evolução em Barbados”, acrescentou, apontando ainda como “incongruente” a manutenção da rainha da Inglaterra como chefe de Estado simbólica de Barbados, enquanto o pequeno país trabalha junto com a Caricon na tentativa de desenvolver uma comunidade caribenha.
Por sua vez, a primeira-ministra de Barbados, Mia Motley, também tomou a decisão de remover a estátua do almirante britânico Lord Nelson de um pedestal em frente ao parlamento barbadiano e levá-la para um museu, relatou ainda Commissiong. Recentes manifestações protestaram contra o símbolo do colonialismo e racismo.
“Será tratado como um artefato histórico, e não como uma estátua pela qual estamos celebrando Lord Nelson e o que ele representou. Basicamente, ele representou o Império Britânico e a manutenção de seu sistema de escravidão e esses não são valores que queremos defender em Barbados no século 21”, assinalou.
O anúncio de que Barbados se tornará uma república também foi comemorado por David Denny, secretário-geral do Movimento Caribenho pela Paz e Integração (CMPI), que o considerou um movimento “muito progressista”. “Temos lutado por isso, e estamos felizes em saber em saber que o governo de Barbados trabalhará para isso”, disse Denny ao portal de notícias russo.
O secretário-geral da CMPI também incentivou o governo a criar uma comissão que propicie as condições para que o povo barbadiano discuta o tipo de república que deseja e permita a participação nesse processo da classe trabalhadora.
Outro benefício da decisão é que Barbados escapará da situação vexatória de ter um chefe de estado tão avacalhado quanto Charles, por enquanto ainda príncipe herdeiro. Aliás, a família real inglesa tem passado pelo percalço de esconder o príncipe pedófilo Andrew.
Se os planos anunciados por Mason não forem sabotados, Barbados rapidamente se juntará a Trinidad e Tobago, Dominica e Guiana como repúblicas caribenhas totalmente independentes.