
O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, agrediu a procuradora da República Marcia Brandão Zollinger, chamando-a de “mentirosa” e disse que existem “criminosos infiltrados” no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
As falas foram feitas em uma representação enviada para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
O Coaf fez um relatório, em janeiro de 2021, apontando que Wassef fez transações financeiras irregulares e suspeitas e pedindo uma investigação mais profunda.
O advogado de Jair Bolsonaro disse que o relatório do Coaf era ilegal e feito por um grupo de “criminosos que estão infiltrados” no órgão.
Ele também pediu uma investigação sobre o relatório. Em fevereiro, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a realização do relatório do Coaf.
O parecer da procuradora Marcia Brandão sobre a investigação em cima do relatório pedia o arquivamento do inquérito, que estava em seu estágio inicial.
A procuradora argumentou que o Coaf não cometeu nenhuma irregularidade e que apenas produziu e enviou documentos para que outros órgãos de fiscalização agissem, seguindo critérios técnicos e os princípios da impessoalidade.
O Coaf já tinha recebido 34 comunicações de movimentações suspeitas por parte do advogado Wassef.
A Justiça de Brasília determinou, ignorando o parecer da procuradora, a continuidade da investigação.
No documento que Frederick Wassef enviou para o CNMP, ele afirma que a procuradora Márcia Brandão “procedeu para proteger os criminosos do Coaf e tentar encerrar a investigação”.
“Fez parecer que o Coaf nada fez de errado e agiu dentro da legalidade, o que é vergonhosa mentira e um sofisticado ardil para enganar a todos, com o único e claro objetivo de blindar e proteger a organização criminosa que está infiltrada dentro do Coaf”, alegou.
Frederick Wassef foi quem escondeu o ex-assessor e amigo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, em sua casa em Atibaia, interior de São Paulo.
A mando de Bolsonaro, Queiroz era quem centralizava o esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Fabrício Queiroz recebia os valores passados pelos demais assessores e os passava para a família Bolsonaro.