
Moraes determina que prestem depoimentos à PF. “As condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação de infração penal”, diz ministro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-ministro e ex-advogado de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, e o ex-assessor do ex-presidente, Marcelo Câmara, prestem depoimento à Polícia Federal por obstrução de investigação ao tentarem contato com o colaborador da Justiça, Mauro Cid, através de sua filha de 14 anos.
Além deles, deverão depor o atual advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, e o advogado de Câmara, Luiz Eduardo Kuntz.
Mauro Cid entregou ao Supremo provas de que os advogados fizeram “intensa tentativa de falar” com ele por meio de sua esposa, Gabriela Ribeiro Cid, e da filha menor de idade do casal.
“As condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa, razão pela qual se mostra pertinente e necessária a oitiva dos noticiados”, escreveu Alexandre de Moraes na decisão.
O caso chegou à Justiça por meio de um pedido da defesa de Marcelo Câmara de anulação da delação premiada de Mauro Cid. Câmara e seu advogado, Luiz Kuntz, disseram ter conversado com o colaborador através da conta de Gabriela Cid no Instagram.
A defesa de Mauro Cid afirma que Kuntz realizou uma “ardilosa” tentativa de contato para melar seus depoimentos.
“Assim como é incontroversa também a tentativa do advogado Luiz Eduardo Kuntz em encontrar Mauro Cid que já estava com cautelares diversas da prisão e acordo de colaboração premiada homologado pelo Supremo, e mesmo assim, ardilosamente, procurou insistentemente sua filha menor de idade”, falou a defesa de Cid.
Por mensagens de WhatsApp enviadas em dezembro de 2023, Luiz Eduardo Kuntz perguntou à filha menor de idade de Cid se era possível marcar um encontro com o com ele.
A Justiça determinou que Mauro Cid não poderia manter contato com os investigados – hoje réus.
Kuntz também perguntou à adolescente se ela estava conversando com a mãe, Gabriela Cid, sobre o caso. O advogado de Marcelo Câmara até sugeriu a ela que apagasse semanalmente as mensagens de seu celular.
A defesa de Cid diz que o ex-advogado de Bolsonaro e ex-ministro das Comunicações, Fábio Wajngarten, também tentou contato através da garota.
O ministro Alexandre de Moraes determinou a realização dos depoimentos pela possível “prática dos crimes de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”.
Já o atual advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, abordou a mãe de Mauro Cid, Agnes Barbosa Cid, durante um evento na Hípica de São Paulo. O advogado tentou “demover a defesa então constituída por Mauro Cid”. Desse episódio também participou Luiz Eduardo Kuntz.
Marcelo Câmara foi preso de forma preventiva assim que seu advogado informou o STF sobre os contatos que manteve com Mauro Cid.
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