“O presidente Bolsonaro nunca recebeu nenhum valor em espécie do Cid referente à venda de nada”, afirmou Cunha Bueno. “Cid tinha autonomia para agir sozinho. Ou seja, não atuou a mando de ninguém”, acrescentou o defensor de Bolsonaro
O advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, afirmou nesta sexta-feira (18), contra todas as evidências, que o ajudante de ordem Mauro Cid agiu sozinho e não a mando de Bolsonaro, na venda do relógio que a Presidência recebeu do governo da Arábia Saudita e que o ex-presidente desviou do patrimônio público.
“Cid tinha autonomia para agir sozinho. Ou seja, não atuou a mando de ninguém”, afirmou o defensor de Bolsonaro em entrevista à GloboNews. “O Cid evidentemente tem muita autonomia”, prosseguiu o advogado.
“Imagina a quantidade de demandas que chegam a ele e que ele tem que resolver sem o presidente da República”, acrescentou o advogado, que esteve com o seu homólogo Cezar Bittencourt, da defesa de Mauro Cid, assim que saiu a reportagem na revista Veja, nesta quinta-feira (17).
A notícia de que Mauro Cid iria dizer a verdade deixou o bolsonarismo em polvorosa. Bolsonaro chegou a dizer que Cid estava com uma estratégia kamikaze e que não tinha a ver com as decisões dele.
A reportagem revelava que o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro iria confessar que vendeu o relógio a mando de seu chefe. Como disse o seu advogado, Bolsonaro agiu como o senhorzinho Malta, da novela da Globo. Mandou resolver o problema balançando o relógio no pulso. Cid era o “faz-tudo” de Bolsonaro e até as contas de Michelle Bolsonaro ele pagava. Não fazia nada sem autorização do chefe.
O defensor de Bolsonaro insinuou que a família de Mauro Cid – ele e seu pai – teria ficado com o dinheiro da venda ilegal do relógio Rolex cravejado de ouro que os árabes deram ao governo brasileiro.
“O presidente Bolsonaro nunca recebeu nenhum valor em espécie do Cid referente à venda de nada”, afirmou Cunha Bueno. O advogado de Cid, ao contrário, reafirmou, também em entrevista, que o dinheiro foi entregue a Bolsonaro ou Michelle em dinheiro vivo.
Na noite de quinta (17), o advogado Cezar Bittencourt, que defende Mauro Cid, disse que seu cliente afirmaria que agiu a mando do ex-presidente e que entregou dinheiro da venda para Bolsonaro.
Mauro Cid ficou mais determinado a falar a verdade quando a imagem pública de seu pai, o general Mauro César Lourena Cid, foi atingida pelo episódio. Ele usou a conta de seu pai para trazer o dinheiro da venda do relógio para o Brasil. Em uma mensagem, Cid aparece dizendo que seu pai entregaria parte do dinheiro a Bolsonaro.
O representante de Jair Bolsonaro, que visitou a defesa de Mauro Cid após suas declarações, tentou livrar seu cliente avaliando que seu colega “se precipitou” ao dizer que Cid agiu a mando de Bolsonaro e entregou dinheiro para o ex-presidente.
A partir da visita do advogado de Bolsonaro, que Cezar Bittencourt reconheceu ter ocorrido, ele começou a vacilar, mas acabou admitindo tudo o que tinha dito e repetiu que seu cliente agiu a mando de Bolsonaro.
Tornado público que houve ameaças, Cunha Bueno apressou-se em se explicar: “falamos por dois minutos, não muito mais que isso, antes da edição da ‘Veja’. Acredito que o professor tenha se confundido. Foi simplesmente isso. Não tenho nenhum alinhamento a ser tratado com ele”.