O defensor disse ao ministro do STF que assumiu recentemente a defesa do “ex-faz-tudo” de Bolsonaro e ainda está se inteirando dos casos em que o militar é investigado
O advogado Cezar Bitencourt, defensor do tenente-coronel Mauro Cid, o “ex-faz-tudo” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se encontrou, nesta quinta-feira (24), com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A reunião durou pouco mais de 5 minutos no Salão Branco da Corte Suprema, durante o intervalo da sessão plenária. O advogado tentou fazer o que no processo judiciário é chamado de “embargos auriculares”, que é quando o advogado despacha com o juiz, quando é preciso.
INTEIRAÇÃO DAS DEMANDAS DO CLIENTE
Bitencourt disse ao ministro que assumiu recentemente a defesa de Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro e ainda está se inteirando dos casos em que o militar é investigado.
Segundo relatos feitos, o advogado disse que tem interesse em esclarecer todos os fatos relacionados às joias e suspeitas de falsificação da carteira de vacinação na defesa técnica.
Isso não significa, contudo, que Cid vai abandonar o silêncio nos próximos depoimentos marcados. Ele foi intimado a depor, novamente, à PF (Polícia Federal) sobre a venda das joias nos Estados Unidos.
E deverá, também, comparecer a novo depoimento na CPI do Golpe, no Congresso Nacional. A primeira vez que depôs foi em 11 de julho e em nada contribuiu, pois ficou calado.
Moraes teria agradecido pela disposição e deu as instruções para que o advogado tivesse acesso à íntegra dos autos dos casos em que Bitencourt defenderá Mauro Cid.
OUTRO “NÃO DEPOIMENTO” DE CID
Após o encontro, Cezar Bitencourt deixou a sede do Supremo acompanhado por outro advogado. Ele não falou com jornalistas.
O encontro de Bitencourt com Moraes ocorreu horas após Mauro Cid prestar depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, 8 de janeiro, da CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal).
O militar foi fardado para prestar depoimento, fez breve relato das atribuições dos ajudantes de ordens da Presidência da República e, depois, disse que permaneceria calado diante das perguntas dos parlamentares.
“Sem qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e os trabalhos conduzidos por essa CPI, considerando a minha inequívoca condição de investigado e por orientação da minha defesa técnica, farei uso durante toda essa sessão do meu direito constitucional ao silêncio”, afirmou o militar.
RECONVOCAÇÃO DE CID E QUEBRA DE SIGILOS DE ZAMBELLI
A CPMI aprovou, na quinta-feira (24), a reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid. Os parlamentares decidiram ainda quebrar os sigilos fiscal, telefônico e telemático da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e de três pessoas ligadas à parlamentar. Os 57 requerimentos na pauta foram aprovados em votação simbólica.
Além de Cid, a comissão aprovou a quebra de sigilos de outros três militares ligados à Ajudância de Ordens da Presidência da República na gestão Bolsonaro: coronel Marcelo de Costa Câmara, tenente Osmar Crivelatti e sargento Luis Marcos dos Reis.
A CPMI vai investigar o envolvimento deles no pagamento de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
CARLA ZAMBELLI
Um lote de 8 requerimentos se refere à deputada Carla Zambelli e a pessoas ligadas à família e ao gabinete dela. A CPMI aprovou a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e telemático da parlamentar para investigar denúncia feita à comissão pelo hacker Walter Delgatti Neto. Segundo o depoente, a deputada teria pago R$ 40 mil para que ele tentasse invadir plataformas mantidas pela Justiça na internet.
A comissão aprovou ainda a quebra de sigilo do irmão de Carla Zambelli, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP). O objetivo é descobrir se ele testemunhou telefonema em que Bolsonaro teria sugerido que Walter Delgatti Neto assumisse a responsabilidade por grampo ilegal contra o ministro Alexandre de Moraes.
Outros dois requerimentos aprovados quebram os sigilos fiscal, telefônico e telemático do coronel Antonio Aginaldo de Oliveira, marido de Carla Zambelli, e de Renan Cesar Silva Goulart, motorista da deputada. A intenção é apurar se os dois fizeram pagamentos ao hacker.
M. V.