
O silêncio do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues Munido diante da CPMI do INSS, nesta quinta-feira (18), pode torná-lo um dos investigados pela comissão.
Ele foi arrolado como testemunha na investigação dos parlamentares sobre as fraudes que lesaram aposentados e pensionistas em todo o Brasil. Foi questionado por senadores e deputados sobre relações pessoais, profissionais e movimentações atípicas — dele e das empresas dele — apontadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) na ordem de R$ 4,3 bilhões.
“Reafirmo, com absoluta clareza: não possuo qualquer ligação com os fatos investigados por essa ilustre, respeitosa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Vou repetir: não possuo, eu, Nelson Wilians; a Nelson Wilians [empresa] não possui qualquer ligação com os fatos investigados”, disse.
Depois de fazer a fala inicial e responder algumas perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o advogado anunciou que iria exercer o direito constitucional dele de permanecer em silêncio.
No início do depoimento, Nelson Wilians se negou a fazer, voluntariamente, o compromisso de dizer a verdade. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que ele estava desobrigado do compromisso, conforme habeas corpus parcialmente concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, mas que poderia fazê-lo caso desejasse.
ALVO DE BUSCAS E APREENSÕES
Ao se pronunciar, Wilians admitiu conhecer e ter relação de amizade com Maurício Camisotti, empresário investigado e preso na última sexta-feira (12) pela PF (Polícia Federal). Também na sexta-feira, Nelson Wilians foi alvo de buscas e apreensões, em São Paulo.
A PF pediu a prisão do advogado, mas a solicitação não foi autorizada por André Mendonça, do STF.
“Conheço [Camisotti] desde 2015, apresentado por um amigo em comum, uma pessoa de bem também, assim como eu, que estou aqui falando com vocês. Minha relação com Maurício inicia profissional e passou para amizade, são 2 tipos de relação”, declarou.
“CARECA DO INSS”
Wilians negou, porém, conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, um dos principais investigados no esquema de fraudes.
“Quero destacar para vocês, de maneira categórica: eu não conheço o ‘Careca do INSS’, guardem isso. Eu, Nelson Wilians, não conheço o ‘Careca do INSS’. Eu só vim a ter conhecimento desta figura e deste nome a partir das notícias. Que não paire dúvida, eu não o conheço”, afirmou.
Sobre o pedido de prisão feito pela PF, Nelson Wilians evitou condenar a solicitação, mas ressaltou que foi indeferida por não ter fundamento.
“O papel [da PF] é de apurar. Se a Polícia Federal achou que aquele seria o caminho, é um direito dela. A mim cabe respeitar, a mim cabe acatar. Eu não acho que ela errou. Mas agora eu vou ter a oportunidade de apresentar os documentos, os argumentos, isso com calma”, disse.
PROVÁVEL INVESTIGADO
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, afirmou em entrevista à imprensa no intervalo dos trabalhos da comissão, que Wilians sai como “provável investigado”.
“As suas respostas evasivas mostram uma ausência de explicação sobre coisas simples. (…) Chega aqui como uma testemunha e sai daqui como um provável investigado pela CPMI. Não havia razão para em muitas das perguntas ele ter como resposta esse silêncio. O silêncio dele falou muito alto”, expôs Gaspar.