Na semana passada, o senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, surpreendeu ao destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da sigla e indicar Alberto Goldman (SP) para o cargo. O motivo alegado oficialmente para o afastamento foi garantir equilíbrio entre os dois candidatos a presidente da legenda, Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo, na eleição interna ocorrerá em 9 de dezembro. Mas a manobra teve como objetivo amarrar o PSDB a Temer e usar o partido como proteção para seus crimes.
Desde que assumiu interinamente em maio, Tasso defendia o rompimento do partido com o governo. Ele chegou a dizer que o “PSDB desses caras, não é o meu PSDB”. Em outubro, a coluna de Lauro Jardim no jornal “O Globo” informou que o ex-governador cearense havia encomendado uma espécie de auditoria nas contas do partido, para fazer um pente-fino nos contratos do PSDB nos últimos anos.
Aécio está licenciado da presidência nacional da sigla desde maio, depois de ter sido flagrado em uma gravação onde negociava o recebimento de 2 milhões de reais do empresário Joesley Batista, da JBS. O senador chegou a ser afastado das funções parlamentares pelo Supremo Tribunal Federal, mas conseguiu reverter essa decisão.
Em outro lance da crise interna do partido, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, pediu exoneração do cargo na segunda-feira (13). Na carta entregue a Temer ele alegou que não havia mais apoio na legenda para seguir no comando da pasta.
A convenção estadual do PSDB de São Paulo realizada domingo (12), na Assembleia Legislativa, mostrou que o racha no partido entre governistas e os que defendem a saída do governo de Michel Temer está cada vez mais acirrado. O plenário reagia com gritos de “fora, Aécio” a cada vez que o nome do senador mineiro era citado.
“Ele deveria colocar o pijama e voltar para a casa”, disse Pedro Tobias, que foi reconduzido à presidência do diretório paulista. “Quieto ele ajuda mais”, acrescentou. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro – pré-candidato ao governo paulista, Aécio “não pode contaminar membros do partido” e deve “se afastar para se defender” das acusações na Justiça.