O ex-secretário adjunto da Receita no governo de Antonio Anastasia (PSDB-MG), Pedro Meneguetti, afirmou à Polícia Federal ter recebido pressão do então senador Aécio Neves, também do PSDB, para resolver demandas da JBS na gestão estadual no ano de 2014.
O depoimento de Meneguetti reforça o que foi dito por executivos do grupo J&F, controlador da JBS, que relataram em colaboração premiada terem obtido de Aécio a promessa de interferir junto ao governo estadual em troca do repasse de R$ 110 milhões para sua campanha presidencial naquele ano.
O ex-secretário disse que participou, em 2014, na sede do governo, de uma reunião do então secretário da Casa Civil, Danilo de Castro, com Ricardo Saud, responsável por acertos de propina da JB, além de outros representantes da empresa.
“Durante a conversa com Ricardo Saud, este se identificou como executivo da JBS e disse que tinha algumas pendências da empresa a serem resolvidas e que ele já havia conversado com Danilo de Castro sobre elas”, afirmou Meneguetti, em depoimento ao delegado Bernardo Guidali Amaral, responsável pela Operação Ross, no dia 30 de janeiro. A operação apura o recebimento de propina por parte de seis congressistas.
O ex-secretário relatou que Danilo de Castro levou adiante o pleito da JBS no governo de Minas. Ele recebeu Saud para tratar do assunto e, em seguida, telefonou a Meneguetti pedindo para “resolver o problema”.
“Alguns dias depois dessa reunião, o declarante (Meneguetti) recebeu uma ligação de Danilo de Castro solicitando que recebesse a pessoa de Valdir Boni, representante do grupo JBS, uma vez que ele teria pendências com créditos tributários acumulados, e verificasse o que poderia ser feito para resolver ‘o problema dele’”, diz um trecho do depoimento.
Pedro Meneguetti contou que Valdir Boni pediu sua interferência para reverter um parecer técnico que indeferiu o pedido de crédito tributário do grupo.
O grupo J&F pedia créditos tributários no valor de R$ 24 milhões. De acordo com o ex-secretário da Receita, só houve a liberação de R$ 5,6 milhões, em agosto de 2014, e que o processo seguiu critérios técnicos. Os demais pedidos foram indeferidos.
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