
A Polícia Federal desencadeou, nesta terça-feira (11), a Operação Ross, que investiga o recebimento de propina por parte de parlamentares no período de 2014 a 2017. O grupo é investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e associação criminosa.
Os alvos são o senador Aécio Neves (PSDB/MG), a irmã dele, Andrea Neves, e o primo Frederico Pacheco de Medeiros. Também estão na mira os senadores Antonio Anastasia (PSDB/MG) e José Agripino Maia (DEM/RN), além dos deputados Paulinho da Força (Solidariedade/SP), Benito Gama (PTB/BA) e Cristiane Brasil (PTB/RJ).

A deputada Cristiane Brasil também é alvo das investigações. Nessa imagem está rodeada de amigos, na época em que tentava se defender das denúncias trabalhistas para se tornar ministra do Trabalho de Temer. Foto: Reprodução
Agentes da PF e do Ministério Público cumprem 24 mandados de busca e apreensão e 48 intimações para oitivas no Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Bahia, além de Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá.
A Operação Ross é um desdobramento da Patmos, deflagrada em maio de 2017, que colocou os senadores Aécio Neves, Zezé Perrella (PMDB/MG), além do deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB/PR) e pessoas próximas ligadas a eles na mira da Lava Jato.
A investigação tem como base as delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Eles relataram repasses de propina de quase R$ 110 milhões a Aécio. Há denúncias também sobre compra de apoio político e doações de campanha e caixa dois por meio de notas frias.
Segundo os investigadores, a ação foca não só na delação de Joesley, mas também no caminho que a propina percorreu. A PF afirma que Aécio Neves comprou apoio do deputado Paulinho da Força por R$ 15 milhões, além de receber ajuda de empresários via caixa dois.
A PGR pediu medidas cautelares, como prisão domiciliar, contra Aécio e os senadores e deputados. Mas o ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, embora tenha visto “indícios de relação ilícita” entre o senador tucano e a JBS, rejeitou o pedido. Mello também livrou Cristiane Brasil, Agripino Maia e Paulinho da Força.
A jornalista e irmã de Aécio, Andrea Neves, ficou presa no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, em Belo Horizonte, entre os dias 18 a 22 de maio de 2017. Ela intermediou um pedido de seu irmão à JBS de R$ 2 milhões, sob o argumento de que o senador precisava de dinheiro para custear sua defesa na Operação Lava Jato.
Também foram presos na época Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima, funcionário do senador Zezé Perrella. Fred recebeu os R$ 2 milhões de Ricardo Saud e repassou para Mendherson. Cerca de R$ 479,9 mil foram recolhidos na busca e apreensão à casa da sogra de Mendherson.
Em junho de 2017, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, aliado do presidente Michel Temer, foi preso. Loures foi flagrado pela PF saindo de uma churrascaria com uma mala na mão após ter recebido R$ 500 mil.
A Operação Ross faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo fazendo alusão às notas ficais frias que estão sob investigação.
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