A decisão do Senado, que soltou o tucano Aécio Neves da reclusão noturna e do afastamento do cargo de senador, está servindo de pretexto para que outros ladrões também consigam escapar das garras da justiça. Os deputados estaduais Jorge Picciani, pai do ministro de Temer, Leonardo Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB, presos por decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foram soltos no fim da tarde desta sexta-feira (17) da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Os três foram libertados da mesma prisão onde está o ex-governador Sérgio Cabral por volta das 18h desta sexta-feira (17), pouco mais de uma hora após o fim da sessão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que decidiu pela soltura, revogando decisão do TRF-2. Na votação, 39 parlamentares votaram a favor da revogação das prisões; 19 votaram contra; e 1 se absteve. A decisão foi tomada numa Assembléia cercada de manifestantes que tentaram assistir a sessão mas foram impedidos de entrar no prédio, apesar de terem ganho na justiça o direto de fazê-lo. O Batalhão de Choque PM reprimiu os manifestantes com violência usando gás lacrimogênio e balas de borracha.
Os três deputados, que fazem parte da cúpula da Alerj, foram presos na tarde de quinta e passaram menos de 24 horas na cadeia. Assim que os desembargadores do TRF-2 decretaram as prisões, a Alerj se mobilizou e convocou uma sessão extraordinária para esta sexta (17), para deliberar sobre a medida, exclusivamente. Os três parlamentares são investigados pela operação Cadeia Velha por corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. As investigações revelaram o uso de cargos políticos da cúpula da Alerj para a prática de crimes.