A Petrobrás anunciou na terça-feira (6) seu balanço financeiro, registrando um lucro líquido de R$ 6,644 bilhões no 3º trimestre deste ano e de R$ 23,7 bilhões no acumulado do ano.
O resultado do 3º trimestre poderia ter sido melhor não fosse o pagamento, sem necessidade, de R$ 3,5 bilhões a acionistas norte-americanos. Segundo a Petrobrás, excluindo as provisões feitas para pagamentos nos Estados Unidos, o lucro líquido seria de R$ 10,269 bilhões no 3º trimestre e de R$ 28 bilhões no acumulado do ano.
“Os números divulgados pela Petrobrás são resultado de investimentos feitos anteriormente, principalmente na produção do pré-sal. O resultado contradiz a declaração de Bolsonaro de que a Petrobrás não tem capacidade de investir”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira.
Em carta a Bolsonaro, a Aepet diz que “a produção de petróleo no país deve ser compatível com o nível de consumo interno, admitindo-se pequena margem de exportação, ao contrário da alienação e extração predatória em benefício de multinacionais, privadas e estatais, estrangeiras”.
“O Brasil tem um mercado interno que é grande, e tem potencial de expansão, ao contrário de muitos países exportadores de petróleo. A melhor forma de utilizá-lo é na criação e suprimento de complexo fabril e no desenvolvimento do consumo interno, como fazem as grandes economias mundiais”, acrescentou.
A Petrobrás atribuiu o resultado do terceiro trimestre principalmente às maiores margens de lucro nas vendas de derivados no Brasil e nas exportações – impulsionadas pelo aumento do preço do barril de petróleo – e ao aumento nas vendas de óleo diesel. Além disso, a Petrobrás recebeu R$ 1,6 bilhão do governo federal referente ao programa de subvenção do diesel.
A estatal teve ainda ressarcimento de R$ 1, 7 bilhão de recursos recuperados pela operação Lava Jato.
O faturamento da companhia alcançou R$ 98,26 bilhões no 3º trimestre, uma alta de 16% ante o período entre abril e junho.
O lucro da Petrobrás superou o dos maiores bancos do Brasil. Na semana passada, o Itaú registrou lucro de R$ 6,25 bilhões e o Bradesco, de R$ 5 bilhões. A Vale teve lucro de R$ 5,75 bilhões.
A dívida líquida da Petrobrás aumentou 4%, passando de R$ 280,75 bilhões em dezembro de 2017 para R$ 291,83 bilhões em setembro deste ano. A companhia disse que o aumento se deve “à depreciação do real frente ao dólar”. Em dólares, a dívida líquida da estatal atingiu US$ 72,88 bilhões, o que representa uma redução de 14% em relação a dezembro de 2017.
De acordo com a Companhia, “nossa produção total de petróleo e gás natural nos nove primeiros meses de 2018 foi de 2 milhões 617 mil barris de óleo equivalente (boe), 6% menor em relação ao mesmo período de 2017. Esse desempenho se deve, principalmente, ao desinvestimento [entrega] dos campos de Lapa e Roncador”.
Em suma: a venda de ativos totalizou apenas R$ 3 milhões no trimestre, em função da suspensão, por decisões judiciais, de processos de venda da unidade de gasodutos no Nordeste (TAG). No ano, a Petrobrás acumula R$ 16,8 bilhões em “desinvestimentos”.
Conforme a Apet, “a estratégia de desinvestimento da Petrobrás tem por objetivo transformá-la numa empresa insignificante. Todos sabem da importância das petroleiras manterem atividades integradas (do poço ao posto). Assim atuam todas as grandes petroleiras do mundo”.
“Portanto, a política de desinvestimento da Petrobrás é uma parte deste processo de entrega do pré-sal e desmonte da petrolífera brasileira. É parte de um plano de ação de um governo de colonizadores, que só pensa em explorar o país e seu povo. Em nenhum momento em seu desenvolvimento”, frisou a Aepet.
VALDO ALBUQUERQUE