A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) repudiou o “acordo” para pagamento de US$ 2,95 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) aos acionistas da Petrobrás nos Estados Unidos, para encerramento de ação movida na Corte de Nova Iorque. “Causa-nos repulsa constatar que apesar da Petrobrás ser a vítima da corrupção, condição reconhecida pela companhia e pelas instituições competentes brasileiras, o Mistério Público e a Justiça, a atual direção decida indenizar, bilionária e antecipadamente, os acionistas norte-americanos”, disse em nota a entidade.
Segundo a Aepet, “O pagamento desses dez bilhões de reais é mais uma etapa da transferência da renda petroleira brasileira, que é fruto de um ato continuado de corrupção e de crime de lesa pátria”.
Com a venda de parte relevante das ações da estatal na Bolsa de Valores de Nova Iorque, a Associação “denunciou os prejuízos potenciais da perda da soberania brasileira”.
O “acordo”, que vai lesar a Petrobrás, foi proposto por Pedro Parente, seu presidente, após a estatal ser assaltada pelo Clube do Bilhão, formado por políticos do PT e seus aliados do PMDB e PP, diretores corruptos e empreiteiras, para bancar as milionárias campanhas desses partidos e satélites – e para favorecimento pessoal de alguns, através de propinas milionárias.
Ou seja, a Petrobrás está sendo roubada duas vezes. A primeira pelo cartel formado pela construtoras Odebrecht – que pagou as palestras de Lula em vários países -, Andrade Gutierrez, OAS etc. e políticos dos governos Lula/Dilma/Temer. E agora pelos fundos especulativos norte-americanos, com cumplicidade de Parente, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, quando foram vendidas parte das ações da empresa nos EUA.
É de um cinismo atroz a “indignação” dos lulistas com esse “acordo” lesa-pátria. O PT divulgou nota com suposta denúncia de um “conluio entre a operação Lava Jato e os interesses do governo norte-americano e de firmas estrangeiras, que querem se apossar das estratégicas reservas do pré-sal e privatizar nossa grande empresa. Com efeito, há muito que o PT vem denunciando os efeitos deletérios dessa operação para os interesses nacionais”.
O que possibilitou a ação movida por acionistas norte-americanos foram as vendas de parte do capital da empresa nos EUA e o roubo bilionário contra a estatal, desmontado pela Lava Jato. Aliás, essa operação já possibilitou a devolução à companhia de R$ 1,475 bilhão roubado.
Em 13 anos dos governos Lula e Dima, não foi mexida uma palha sequer para se recomprar as ações vendidas nos EUA. Segundo Dilma, o critério de comprovação da seriedade da competente e transparente gestão da Petrobrás é exatamente o fato da venda das ações na Bolsa de Nova Iorque. Portanto, são palavras jogadas ao vento dizer que “É lamentável ver a nossa principal empresa ser destruída por decisões monocráticas de juízes brasileiros e estrangeiros”.
Além disso, quem iniciou o processo de entrega do pré-sal foi Dilma, que mobilizou inclusive o Exército e a Força Nacional para reprimir manifestantes e viabilizar o leilão de campo de Libra, no qual entraram a anglo-holandesa Shell e a francesa Total com o mesmo peso da Petrobrás.
O processo de venda de ativos da Petrobrás – chamado cinicamente de “desinvestimento” – foi iniciado na gestão de Graça Foster, continuado com Aldemir Bendine, mais conhecido como “Vendine”.
O projeto de Serra para retirar da Petrobrás a condição de ser operadora única no pré-sal e ter pelo menos 30% na formação dos consórcios foi aprovado com apoio do dilmismo, inclusive com o ex-ministro Berzoini, da secretaria de Governo, tendo ido ao Senado para articular votos.
Para o PT, “a Lava Jato está destruindo vários setores estratégicos da nossa economia, inclusive o de petróleo e gás, numa postura irresponsável que só beneficia interesses alienígenas. Parece claro, dessa forma, que tal operação está sendo dirigida de fora do País”. Pelo visto, o lulismo acha que quem levou a economia ao fundo do poço não foi a política neoliberal de juros estratosféricos, superávit primário para garantir a transferência de recursos públicos ao sistema financeiro privado, câmbio flutuante controlado pelos bancos, corte de investimentos públicos e desnacionalização/desindustrialização. Para o PT a responsável foi operação que descobriu e desmontou o roubo na estatal. O que não deixa de ser uma defesa da continuidade da corrupção. O deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, chegou a dizer que a Lava Jato foi o maior assalto da história da humanidade. É igual aquela história do assaltante pego em flagrante gritar pega ladrão.
Teve um alucinado que escreveu que “A Lava Jato é pior do que as políticas recessivas do governo Temer, pois a recessão econômica acaba com empregos, mas as empresas permanecem”. É bom lembrar que a política recessiva foi iniciada com Dilma e exacerbada com Temer. Na recessão nem todas as empresas permanecem, há também as que quebram. É a lógica do capitalismo, principalmente nos países dependentes. Mas a política lulista é defender a Odebrecht e outras empresas do Cartel do Bilhão e deixar de lado a Petrobrás. Se querem defender essas empresas monopolistas, no olho do furacão do roubo à Petrobrás, por que não propor, por exemplo, a estatização?
Esses são os fatos. A luta para a implantação de uma política de desenvolvimento passa pelo fim dos leilões de campos de petróleo, da retomada da Petrobrás como operação única, fim do roubo à estatal e da política neoliberal vigente.
A Aepet concluiu sua nota ressaltando que “O pagamento desses bilhões [aos acionistas dos EUA] precisa ser questionado, mas as veias abertas da nossa renda petroleira não vão parar de sangrar enquanto a maioria dos brasileiros de bem não tomem consciência, se unam e se organizem para a construção de um país digno para que nossos filhos e netos vivam em paz”.
VALDO ALBUQUERQUE