O procurador-geral da África do Sul, Kimi Makwetu, anunciou que o governo do país está cancelando todos os contratos de auditoria com a KPMG África do Sul. Também foram suspensos os contratos com a mesma finalidade, com a Nkonki Inc. As duas companhias faziam auditagens do setor público sul-africano, conforme a declaração da Procuradoria geral do dia 17.
Segundo Makwetu as empresas tiveram dois pilares necessários à credibilidade da auditagem impactados: “Os padrões de auditagem da Procuradoria-Geral e a ética”.
Diretores da KPMG renunciaram na última semana e atendem a investigações internas. A empresa já declarou que vai rever todo o trabalho realizado no país nos últimos 18 meses e “que está se abrindo à investigação”, segundo declarou seu chefe executivo, Nhlamulo Dlomu, no domingo.
O Serviço da Receita da África do Sul (SARS) está investigando a auditagem que a KPMG realizou nas contas dos Guptas (familiares acusados de corrupção em conjunto com o ex-presidente Zuma em tal monta que o triste momento está sendo denominado de “Captura do Estado”).
Segundo o procurador Makwetu, as investigações em torno da KPMG estão em fase inicial, mas tornou-se necessário interromper já os contratos.
Quanto à Nkonki Inc., o executivo, Mitesh Patel, renunciou depois de denúncias de que a empresa R107 de “administração de aquisições”, de propriedade de Patel, era financiada por um sócio dos Gupta, Salim Essa.
Em setembro do ano passado, o ex-ministro das Finanças da África do Sul, Malusi Gigaba, já havia aconselhado a todos os departamentos governamentais do país que revisassem o trabalho de auditagem realizado pela KPMG.
O Instituto Sul-Africano de Contadores (Saica, sigla em inglês), também iniciou investigações sobre a atividade da KPMG e as irregularidades nas relações com a família Gupta (integrante do esquema de corrupção pelo qual responde o presidente Zuma).
A Comissão de Propriedade Intelectual (CIPC) também acusa as empresas KPMG África do Sul, McKinsey e a provedora de softwares SAP, de ligações escabrosas com os Gupta. Há evidências de aproveitamento de relações privilegiadas com o presidente Zuma para vantagens em aquisições de ativos governamentais e obtenção de contratos para a família Gupta, de enriquecimento catapultado.
A CIPC exemplifica com o caso da consultora McKinsey que em uma carta do administrador da conta da a Eskom (estatal de energia elétrica) sugere estabelecer parcerias de subcontratação com a Trillian (empresa do setor, de propriedade dos Gupta).