A agência de vigilância sanitária dos EUA, a FDA, revogou na segunda-feira (15) o uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, assinalando que é “improvável que sejam eficazes” e que as atuais diretrizes nacionais de tratamento não recomendam usá-las “fora dos ensaios clínicos”.
A nova orientação já está disponível no site da FDA e foi decidida após revisão das pesquisas disponíveis sobre os dois medicamentos.
A agência considerou que a cloroquina e a hidroxicloroquina “não atendem aos critérios legais” para autorização de uso emergencial.
A cloroquina e a hidroxicloroquina foram intensamente promovidas pelo presidente Donald Trump, assim como pelo presidente brasileiro Jair Messias. Trump até mesmo chegou a tomar hidroxicloroquina – pelo menos assim disse – por alguns dias depois de dois assessores da Casa Branca testarem positivo para o coronavírus.
Em carta dirigida a Gary Disbrow, da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado (Barda) dos EUA, Denise Hinton, cientista-chefe da FDA, escreveu que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de hidroxicloroquina e cloroquina podem ser eficazes no tratamento da covid-19, nem é razoável acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais desses produtos superem seus riscos conhecidos e potenciais”.
“Após a data desta carta, as formulações orais de HCQ [hidroxicloroquina] e CQ [cloroquina] não são mais autorizadas pelo FDA para tratar a Covid-19”, acrescenta o documento.
Recentemente, Trump doou ao Brasil 2 milhões de doses de cloroquina, para ajudar na pajelança de Bolsonaro contra a “gripezinha” e pela ‘imunização vertical’.
O anúncio da doação foi feito no dia 31 de maio, em nota do Itamaraty, que considerava a medida uma “demonstração de solidariedade entre os dois países” e dizia que seria usada “como profilático” para “ajudar a defender enfermeiros, médicos e profissionais da saúde do Brasil contra o vírus” e “no tratamento de brasileiros infectados”.
A doação foi comemorada por uma turba de puxa-sacos aglomerada na porta do palácio, que cantava uma estranha paródia de uma musiquinha de Tiririca: “cloroquina do SUS, para salvar em nome de Jesus”. Só faltou o coro na segunda voz: e em nome de Trump.