O ex-diretor da construtora Odebrecht no Peru, Jorge Barata, depôs à Procuradoria da República da 3ª Região, em São Paulo, na terça-feira, 27, como testemunha sobre o pagamento de propinas ao ex-presidente Ollanta Humala.
O depoimento foi um pedido da Procuradoria do Peru, que investiga a extensão do envolvimento da Odebrecht nos casos de corrupção em Lima. Embora o processo esteja sob sigilo determinado pelo relator da Lava-Jato no STF, juiz Edson Fachin, Barata já havia declarado em seu primeiro interrogatório, em janeiro de 2017, ter entregue a Humala US$ 3 milhões a pedido do Partido dos Trabalhadores (PT) para a campanha de 2011, na qual o político foi eleito presidente do Peru. Os recursos ilícitos, segundo falou então, tinham sido repassados em três ou quatro entregas coordenadas com Nadine Heredia, esposa de Humala. Ele ratificou agora suas declarações.
A Odebrecht, como parte de um acordo judicial, reconheceu pagamento de propina para ganhar obras públicas no Peru entre 2005 e 2014, período que compreende os governos dos ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan García e Humala.
Em depoimento a procuradores, o empresário Marcelo Odebrecht também já tinha dito, em meados de 2017, que o grupo que leva o nome de sua família teria repassado US$ 3 milhões ao candidato à presidência do Peru Ollanta Humala, que comandou o país de 2011 a 2016. O pagamento tinha sido um pedido de Antônio Palocci e liberado pelo Setor de Operações Estruturadas, criado dentro da empresa para pagamento de propina.
No início do ano passado, a Superintendência Nacional de Alfândegas e Administração Tributária do Peru (Sunat) ordenou o embargo de cerca de 200 milhões de soles peruanos (aproximadamente 170 milhões de reais) contra oito empresas brasileiras presentes no país, todas, segundo investigações, envolvidas na Lava-Jato. As informações são do site de jornalismo investigativo peruano, “Ojo Publico”. Só da Odebrecht foram confiscados US$ 46 milhões (R$ 147 milhões).
A Odebrecht iniciou suas operações no Peru em 1979 e controla 27 empresas no país — 19 de origem peruana e oito filiais de empresas brasileiras. Este número foi apresentado pelo jornal “Em Comercio” em fevereiro de 2017. O levantamento foi feito em parceria com a Sunat. Essas empresas atuaram em ao menos 52 obras públicas, afirma a publicação. Todas estão sendo investigadas.