
Rumeysa Ozturk, doutoranda na universidade Tufts, localizada perto de Boston, que escreveu denunciando o extermínio de palestinos, foi detida na rua por agentes da imigração mascarados e informada de que teve visto de permanência revogado
Agentes da Gestapo da Imigração de Trump detiveram na terça-feira (25) uma estudante de pós-graduação turca na região de Boston após ela escrever um artigo de opinião em sua universidade, há um ano atrás, contrário ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza, e no qual pediu à sua instituição que rompesse laços com o regime de Netanyahu, como pediam os estudantes no país inteiro em mobilizações que chamaram a atenção do mundo.
Rumeysa Ozturk, 30, que é doutoranda na universidade de Tufts, foi abordada por agentes mascarados e à paisana, em plena rua na cidade de Somerset, conforme vídeo postado nas redes sociais.
Em suma, um sequestro, que repete o padrão visto contra o líder das manifestações contra o genocídio em Gaza na Universidade Columbia, Mahmoud Khalil, detentor de um green card, que permite que ele resida legalmente nos EUA.
No dia 8, ele foi arrancado de sua residência e levado para um centro de detenção distante e está ameaçado de expulsão pelo governo Trump, o mesmo que recentemente enviou mais toneladas de bombas para dar fim ao cessar-fogo e viabilizar a retomada do genocídio como programado pelo fascista Netanyahu.
De acordo com sua advogada, Ozturk foi levada do Estado de Massachusetts para um centro de detenção em Basile, na Louisiana, a 2.600 km de onde morava. O Departamento de Estado alegou que ela teve seu visto revogado.
Com Trump prometendo tomar Gaza, deportar seus 2,2 milhões de habitantes e transformá-la na “Riviera sobre Cadáveres”, para deleite dele, Musk e Netanyahu, não é de estranhar que a porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tricia McLaughlin, haja asseverado que Ozturk “se envolveu em atividades em apoio ao Hamas”, embora sem fornecer qualquer prova disso.
MACARTISMO NAS UNIVERSIDADES AMERICANAS
O governo Trump vem promovendo uma caçada macartista nas universidades norte-americanas aos manifestantes que repudiam o genocídio que já matou 50 mil palestinos, a maior parte crianças e mulheres.
Protesto de estudantes imediatamente lotou o campus da universidade onde a estudante presa faz doutorado (AP)
O autonomeado futuro empreendedor na ‘Trump Gaza’ considera “antissemitismo” os protestos. Apesar da Corte Internacional de Justiça da ONU estar investigando Israel exatamente por isso, e o genocídio ser transmitido praticamente ao vivo há mais de um ano.
Para a advogada de Ozturk,Mahsa Khanbabai, a investida contra a doutoranda levanta questões sobre a liberdade de expressão nos EUA sob Trump. “Com base nos padrões que estamos observando em todo o país, o exercício de seus direitos de liberdade de expressão parece ter desempenhado um papel em sua detenção”.
É que, como atestaram amigos e colegas de Ozturk, ela não esteve diretamente envolvida em protestos pró-palestinos que eclodiram nos campi na primavera passada. Seu único ativismo conhecido foi ser coautora de um artigo de opinião em um jornal estudantil que pedia à Tufts University que se atendesse às demandas estudantis para cortar laços com Israel.
“Há uma distinção muito importante entre escrever uma carta apoiando o Conselho Estudantil e tomar o tipo de ação da qual eles a acusam, da qual não vi nenhuma evidência”, disse Jennifer Hoyden, uma amiga próxima de Ozturk que estudou com ela na Universidade Columbia.
“Até onde eu saiba, a única coisa que sei que Rumeysa organizou foi uma festa de Ação de Graças”, acrescentou.
Na determinação de razias fascistas contra ativistas solidários à Palestina, Trump, assume que ser cúmplice na matança de 50 mil palestinos não é crime, nem fornecer bombas de 1 tonelada para o genocídio. Mas protestar contra o extermínio é.
“Os agitadores serão presos e/ou deportados permanentemente para seus países de origem”, postou o presidente biliardário em sua rede, a Truth Social. “Já os estudantes americanos serão expulsos ou, dependendo de seu crime, presos.”
Trump também cortou US$ 400 milhões em financiamento da Universidade Columbia, em Nova Iorque, entre outras chantagens contra a liberdade de manifestação e os protestos de repúdio à limpeza étnica, genocídio e apartheid de Israel, e para submeter as direções das instituições à sua mesma cumplicidade degenerada com os criminosos fascistas de Israel.