“O Brasil é um país único. A grandeza do Brasil é que falamos a mesma língua em 8,5 milhões de quilômetros quadrados”, disse Lula, defendendo seus irmãos nordestinos da ofensa sofrida
Em discurso após a caminhada de campanha nesta quinta-feira (6) em São Bernardo do Campo, ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), do ex-ministro Fernando Haddad (PT) e do deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP), o ex-presidente Lula criticou os ataques preconceituosos de Jair Bolsonaro (PL) contra a população do Nordeste brasileiro.
No dia anterior, Bolsonaro associou o bom desempenho de Lula no Nordeste a um suposto ‘analfabetismo’ da região: “Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo. Você sabe quais são esses estados? No nosso Nordeste. Não é só taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores na região”, disse Bolsonaro.
“Aqui tem nordestino? Levanta a mão. Aqui tem gente que tem parente no Nordeste? Pois é, quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista, monstro, que governa esse país”, disse Lula.
“O Brasil é um país único. A grandeza do Brasil é que falamos a mesma língua em 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Nós temos uma Constituição que vale para todos. Ontem o meu adversário disse que eu só ganhei as eleições porque o povo nordestino é analfabeto. As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por culpa delas. As pessoas que são analfabetas ficaram analfabetas porque esse país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação”, prosseguiu o candidato.
“Nós nordestinos ajudamos a construir cada metro de asfalto deste país, cada ponte, cada casa. Eles têm que saber que nós não queremos mais passar fome”, afirmou Lula.
“E eles têm que saber que a gente não quer ser analfabeto porque a gente gosta, ele tem que saber que nós, nordestinos, ajudamos a construir cada metro de asfalto desse país, cada ponte, cada casa. Ele tem que saber que nós não queremos mais passar fome; queremos comer. Não queremos ser apenas pedreiros querendo ser engenheiros. Não queremos apenas ser empregada doméstica. Nós queremos ser médicas, sociólogas, professoras”, acrescentou o ex-presidente.
“Portanto, gente, queria pedir para vocês que vocês fizessem um telefonema para os parentes de vocês no Nordeste. Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista, monstro, que governa esse país. Ele tem que aprender uma lição. Ele que vá pegar os votos dos milicianos, daqueles que mataram Marielle. Ele que vá pegar os votos daqueles que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas pela pandemia”, afirmou Lula.
E prosseguiu: “Ele que vá pegar o voto da quadrilha chefiada pelo Queiroz que ele guardou até agora. Ele que vá pedir voto para aqueles que estão organizando a rachadinha dos seus filhos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Nós, paulistas de honra, nordestinos de honra, mulheres e homens trabalhadores, já tomamos uma decisão: dia 30 de outubro é 13 para governador, é 13 para presidente e Lula e Alckmin para governar esse país”, bradou o candidato que venceu o primeiro turno.
Lula criticou a política econômica de Bolsonaro que agravou a crise e o desemprego e trouxe a fome de volta aos lares brasileiros. “O Brasil, no nosso tempo na Presidência, era a sexta economia do mundo. Fizemos mais universidades do que qualquer outro presidente em qualquer outro tempo desse país e, hoje, não sei se você viu no jornal, ele [Bolsonaro] está cortando do Orçamento quase R$ 900 milhões da universidade, da mesma forma que ele negligenciou a vacina”.
“Nós estamos aqui agora porque queremos recuperar o Brasil e o povo brasileiro só quer algumas coisas simples: primeiro, a gente quer ter o direito e trabalhar, estudar, de tomar café, almoçar e jantar todo dia, a gente quer ter o direito de ter acesso à cultura, ao lazer, de ir ao cinema, ao teatro, de poder participar de tudo aquilo que a gente constrói. A gente quer se vestir bem, comer bem, a gente não gosta só de carne de segunda ou de pescoço de frango”, disse Lula.
“Eu queria dizer para vocês: a gente tinha tirado o Brasil do mapa da fome. A fome voltou. 33 milhões de brasileiros hoje vão dormir toda noite sem ter o que comer. Para 105 milhões de pessoas falta algum problema de proteína para poder atender às necessidades do seu corpo. E o desemprego está caminhando e as pessoas que estão trabalhando, a maioria, estão fazendo bico, estão trabalhando em empresas de aplicativo sem documento assinado, sem férias, sem 13º, sem descanso remunerado, não têm nem o Natal e Ano Novo para descansar”, denunciou Lula.
“Nós estamos de volta, estamos de volta para recuperar o Brasil para o povo brasileiro. Para juntos, Haddad e Lula governar o Brasil e São Paulo. Estamos juntos para dizer a vocês que vale a pena. A gente não quer arma, a gente quer livro. A gente não quer mentira, a gente quer a verdade. E aí é que entra a responsabilidade de vocês. Vocês sabem que nosso adversário é especialista em mentir. É sete ou oito mentiras por dia através das fake news, do zap e de qualquer outra forma de conversar com as pessoas. Nesses próximos 24 dias vocês têm que ficar alertas, têm que saber distinguir o que é mentira e o que é verdade, porque a verdade normalmente engatinha, enquanto a mentira corre e voa”, advertiu.
“E eu preciso de vocês, o Haddad precisa de vocês. Vocês, na verdade, não são cabos eleitorais. A partir de agora vocês são candidatos a governador e candidatos a presidente da República. E até o dia 30 a gente não pode descansar. Não só no celular, mas a gente visitar cada loja, cada banco, cada local de trabalho, cada vizinho. Aquele vizinho que está mal-humorado, vamos discutir com ele e fazer uma comparação entre os governos do PT e do Bolsonaro. Vamos ver quem é que investiu mais na educação, no emprego, no salário. Sabe quantos anos faz que não aumenta o salário? Quatro anos. Sabe quanto tempo faz que os aposentados não recebem aumento de salário? Quatro ou cinco anos. E nós vamos regulamentar para que a mulher, fazendo o mesmo trabalho, ganhe o mesmo o salário do homem, porque a mulher não pode ser tratada como cidadã de segunda classe”, concluiu o ex-presidente.