A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, possa ficar calado em seu depoimento à CPI da Pandemia e esclarecer nada sobre a tragédia da Covid-19 que o governo ajudou a espalhar. O ministro Ricardo Lewandowski será o relator.
O depoimento do ex-ministro está marcado para o dia 19, quarta-feira.
A CPI investiga como e por que estamos passando a marca de 430 mil mortos pela Covid-19. O ministro da Saúde, que permaneceu 10 meses no cargo, todos eles durante a pandemia, tem muito o que explicar.
O pedido da AGU é justamente uma tentativa do governo Bolsonaro de se blindar e não ter que enfrentar as omissões e crimes que cometeu na condução da pandemia.
Não à toa, Pazuello, que não está em nenhum cargo do governo, está sendo amparado por um órgão de governo.
O documento apresentado pede ainda que Pazuello “não sofra ameaças” e não possa ser preso pelos senadores. A argumentação se baseia no “receio de prática de ato ilegal no âmbito da CPI” por parte dos senadores.
“Qualquer manifestação feita pelo depoente à CPI, independentemente de seu conteúdo, possui o risco de interferência no seu direito de defesa nesses procedimentos”, alega.
Ademais, diz que o possível “constrangimento” (que é como ele chama as perguntas que o governo Bolsonaro não quer que sejam feitas) dos senadores contra Pazuello seria “impróprio” e “inadequado” ao Estado Democrático de Direito.
Foi durante a gestão de Eduardo Pazuello que o Ministério da Saúde ignorou e recusou pelo menos 11 ofertas de vacinas feitas, ainda em 2020, por farmacêuticas.
O depoimento do CEO da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, mostrou que a primeira oferta foi feita ao governo brasileiro ainda em agosto de 2020, com previsão de entrega para o mesmo ano.
Eduardo Pazuello também propagandeou o uso da cloroquina para pacientes com Covid-19, o que comprovadamente não tem efeito positivo, como quando enviou para Manaus uma comitiva de médicos com objetivo único de incentivar o uso da droga. Ou quando lançou um aplicativo que orientava os médicos a receitarem cloroquina para os pacientes desde os primeiros sintomas.
Pazuello também não quer responder sobre a falta de oxigênio medicinal nos hospitais de Manaus, o que levou à morte por asfixia mais de 30 internados, em dois dias, e a demora na resposta do Ministério.
ONYX LORENZONI
Em um tuíte antigo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, que é o “articulador” da defesa do governo Bolsonaro na CPI da Pandemia, disse que “quem se vale do direito de ficar calado tem coisa a esconder, só bandido usa disso”.
Recentemente, depois que Pazuello conseguiu adiar seu depoimento na CPI alegando estar com suspeita de Covid, Onyx foi visitá-lo.
Pazuello está comedo de que praticastes crimes porque quer ficar calado na CPI da Covid, chama o Onyx Lorenzoni e teu irmão Alberto Pazuello para fazerem tua defesa dia 19.