Um dia depois das acusações do premiê do apartheid israelense, Bibi Netanyahu, de que o Irã teria “trapaceado o acordo” no qual se comprometia a um programa nuclear apenas para fins pacíficos, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou, no dia 1º de Maio, que “Não há indícios críveis de que o Irã desenvolva estudos para um dispositivo explosivo nuclear após 2009”.
O organismo internacional, que investiga minuciosamente as instalações iranianas acrescenta que “a atividade do Irã na esfera nuclear não foi além da investigação científica”.
A agência assinalou ainda que “avalia toda a informação disponível”. O Irã suspendeu todas as atividades nucleares com finalidades bélicas. Isso possibilitou um acordo de suspensão de sanções contra o Irã. O acordo entrou em vigor em 2015, somente após 13 anos de negociações obstaculizadas principalmente pelos Estados Unidos.
As alegações de Netanyahu, realizadas, desta vez do QG das forças militares israelenses, para tornar o recado mais agressivo, são mais cínicas e abusivas quando o Estado que dirige é possuidor de 400 ogivas atômicas. O único com armamento nuclear na região.
Além disso, a arenga contra o suposto arsenal iraniano parte exatamente do mais insano dos regimes da região – construído e mantido com base em leis de cunho de apartheid e em uma limpeza étnica que prossegue nos dias de hoje – diariamente contestada pela luta dos palestinos por seus direitos até hoje usurpados e terras e propriedades assaltadas.
A AIEA reiterou agora aquilo que já havia relatado em 2015, ou seja, de que desde 2009 não havia nenhuma atividade no sentido do que acusa Israel. A direção da agência internacional mostrou, inclusive, uma não pequena irritação com mais essa tentativa de forjar contradições sem fundamento contra o Irã. A AIEA declarou que para a entidade, que observa rigorosas inspeções periódicas no Irã, “o assunto está encerrado”.
Em 2015, após demoradas gestões o Irã, China, EUA, França, Inglaterra, Rússia e Alemanha chegaram a um acordo para garantir os fins pacíficos do programa nuclear iraniano, em troca de levantar sanções impostas contra o país.
Alegando “falta de garantias de que o Irã não fabrique armas nucleares”, Donald Trump quer eliminar as datas de prescrição das restrições ainda impostas ao país.
Aliás, a encenação de Netanyahu aconteceu 48 horas depois de uma conversa telefônica com Trump, que tem criticado o acordo de seis países com o Irã e tem dito que “está avaliando” se no dia 12 de maio denuncia ou não o acordo. Os europeus não estão nada satisfeitos com o rumo que Trump quer dar às relações, pois o Irã é uma fonte estratégica de matrizes energéticas próximas ao continente europeu.
O Irã contestou as invencionices de Netanyahu denominando-as de “propaganda ridícula” (matéria nesta página).
NATHANIEL BRAIA