Em plena recessão, a renda total dos mais ricos do país teve um aumento per capita entre 2,2% e 7,5%, durante o período de 2014 a 2016, descontada a inflação do período. Enquanto a renda média do restante da população diminuiu em 3,3%, aponta pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para o mesmo período.
O estudo realizado com base no demonstrativo “Grandes Números do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF)”, relativo ao ano-calendário de 2016, exercício de 2017, da Receita Federal – revela que a renda total do segmento mais rico da população, formado por pessoas que ganhavam mais de 160 salários mínimos por mês, subiu em 2016, para R$ 399 bilhões, em comparação ao ano de 2013, R$ 309,6 bilhões, o que mostra um crescimento nominal de 28,9%, em um período em que a inflação média foi de 26,1%.
A pesquisa também demonstra uma queda no número de contribuintes do topo da pirâmide que declararam renda superior a 160 salários mínimos mensais, no período analisado. Em 2013, eram 71.440 contribuintes, já em 2016, o número de declarantes super-ricos caiu para 67.934 pessoas. Segundo o economista do Ipea, Sérgio Gobetti, “como houve redução do número de pessoas no grupo, o crescimento médio real da renda está entre 2,2% e 7,5%”, disse Gobetti, que continuou, “seja qual for à taxa verificada, é um desempenho muito superior ao que se verificou no conjunto dos contribuintes do IRPF, cuja renda per capita caiu 3,3%”, explicou.
Os dados são preliminares, conforme o Ipea. Porém, os números sinalizam que o ajuste fiscal imposto por Dilma/Levy e Temer/Meirelles aumentou a transferência de recursos do setor produtivo para o setor financeiro. Das 60 milhões de famílias brasileiras, 60 mil vivem da especulação financeira, beneficiadas pelos juros reais nas alturas que levaram ao desemprego milhões de trabalhadores, à desnacionalização e à desindustrialização do país. O resultado dessa política em prol de bancos, fundos estrangeiros, entre outros parasitas, levou o Produto Interno Bruto (PIB) a declinar de 3% em 2013 para 0,5% em 2014, – 3,5%, em 2015 e – 3,6% em 2016, aumentando a renda dos mais abastados.
Segundo Gobetti, o fato é que “a renda com aplicação financeira e lucros e dividendos, aumentou em termos reais, enquanto os rendimentos tributáveis, como salários, caíram mais de 5% no período”.
O lucro é tributado apenas quando é gerado e se distribuído na forma de dividentos é isento de impostos.