
Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China instou os Estados Unidos a “deixarem que os países da América Latina e o Caribe escolham sua própria maneira de atuar”
“A América Latina e o Caribe não são quintal de ninguém”, declarou Guo Jiakun, ao responder, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (25), a relatórios recentes nos quais o comandante do Comando Sul dos EUA, almirante Alvin Holsey, acusou a China de “infiltrar-se e saquear recursos” de países do Hemisfério Ocidental, ao tempo em que envia navios de guerra para a costa da Venezulea.
Guo Jiakun instou os Estados Unidos a “deixar que os países da América Latina e o Caribe escolham sua própria maneira de atuar”, e frisou que “a cooperação entre a China e a América Latina não é dirigida contra terceiros e não deve ser interferida por eles. Os países da região têm o direito deescolher independentemente seus próprios caminhos de desenvolvimento e seus parceiros”.
As declarações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China ocorrem em meio à crescente ameaça dos EUA com uma mobilização militar no Caribe, o que coloca em risco a Zona de Paz declarada na América Latina e no Caribe desde 2014 e tenta vincular autoridades do governo venezuelano, incluindo o presidente Nicolás Maduro, ao tráfico de drogas para justificar um capítulo de agressão armada. Tais declarações “contradizem os fatos e repetem frases ultrapassadas, expondo mais uma vez a enraizada mentalidade da Guerra Fria e da confrontação de alguns” no país norte-americano, declarou o diplomata.
Nesse contexto, ressaltou que a China “defende há muito tempo os princípios de respeito mútuo, igualdade, benefício mútuo, abertura, inclusão e cooperação que beneficia ambas as partes”, assumindo uma postura de “cooperação prática” com países da América Latina e Caribe em “diversas áreas”.
Segundo a autoridade, a cooperação entre a China e a América Latina tem “promovido efetivamente o desenvolvimento econômico e social local e é recebida com sincera satisfação pelos países e povos da região”.
Guo Jiakun também observou que “durante anos, os Estados Unidos não pouparam esforços para interferir e controlar a região da América Latina e do Caribe, com um comportamento hegemônico e abusivo claramente evidente”.
Nesse sentido, o governo chinês chamou os Estados Unidos a que “parem de semear a discórdia e gerar conflitos” e, em vez disso, “tomem medidas mais concretas para o desenvolvimento dos países da América Latina e do Caribe”.
PROVOCAÇÃO QUE OFERECE US$ 50 MILHÕES PELA CABEÇA DE MADURO
Na linha de provocação, duas semanas atrás, a figura à frente do Departamento de Estado, Marco Rubio, anunciou que estava dobrando, para US$ 50 milhões de dólares, a recompensa por “informações” que levassem à “captura do presidente Maduro”, acintosamente acusado por Washington nada menos de “chefiar o Cartel de Los Soles” e de “enviar drogas” para os EUA.
Em discurso em Caracas transmitido pela tevê estatal, o presidente Maduro se referiu à “ameaça extravagante, bizarra e absurda de um império em decadência” e disse que convocaria 4,5 milhões de “milicianos” armados para “proteger a nação”.
Ele alertou que incursões não autorizadas em território venezuelano não serão toleradas. “Defendemos nossos mares, nossos céus e nossas terras, nós os libertamos, os monitoramos e os patrulhamos”, assinalou.
Enquanto isso, as mais altas autoridades da China, Rússia, Irã, bem como os estados-membros da ALBA-TCP e organizações sociais de todo o mundo condenaram a posição dos EUA, reafirmando sua solidariedade com a Venezuela e apoiando a histórica Declaração da América Latina e do Caribe como Zona de Paz.