O ex-deputado e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), morreu na tarde deste domingo (1). Ele estava internado desde o dia 19 de agosto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês após passar mal e se submeter a uma cirurgia no cérebro.
Goldman fazia tratamento de um câncer na região cervical e evoluiu com um sangramento cerebral. Ele deixa esposa e dois filhos do atual casamento com Deuzeni Trisoglio, além de outros três do casamento com a artista plástica Sara Goldman. O político, que era aliado do governador Geraldo Alckmin, vinha fazendo duras críticas ao governo Bolsonaro.
TRAJETÓRIA
Alberto Goldman tinha 19 anos quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi diretor do Centro Acadêmico da Poli e diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo.
Formou-se em engenharia e passou a integrar o MDB, que era o único partido da oposição durante o Regime Militar, que abrigava os militantes de esquerda. Foi deputado estadual por dois mandatos e presidiu a CPI sobre a invasão da PUC pela polícia em 1979.
Era ligado à comunidade judaica do Bom Retiro. Goldman dizia que sua militância começou em casa. “Minha mãe havia sido militante do partido comunista na Polônia. E meu pai não era propriamente militante, mas era próximo”, explicava o político.
O ex-governador contava que conviveu com discussões em casa, durante a guerra, sobre os acontecimentos no mundo. “Fui me aproximando dessa posição.”
Em 1970 foi eleito deputado estadual por São Paulo. Dizia que resistiu o quanto pôde a se candidatar. “Resisti durante meses. Não queria entrar nisso. Era um loucura, pois era a pior época para isso (entrar na política).”
Quando decidiu ser candidato, teve de enfrentar a oposição do pai. “Meu pai fazia campanha contra mim, achando que eu havia enlouquecido. E acho que ele tinha razão”, lembrava, décadas depois. Era o começo de uma carreira que não teria mais fim.
Recebeu 17.226 votos. “Fui eleito pelo trabalho do partido. O partido tinha bases em vários lugares, como entre os ferroviários, na Lapa, na zona norte e na Vila Formosa. E no estado, na área da Sorocabana e em Santos. E nas associações de amigos de bairro e em sindicatos, como o dos metalúrgicos e da construção civil”, contou.
Foi o oitavo mais votado em sua legenda, o MDB. “Tento, tento e não consigo deixar a política”, dizia o ex-governador.
Em 1985 transferiu-se para o recém legalizado Partido Comunista Brasileiro (PCB), que em 1986 apoiou Antônio Ermírio de Moraes para o governo do estado. Goldman apoiou Orestes Quércia na eleição de 1986 e, em 1989, retornou para o PMDB. Ocupou a Secretaria Especial de Coordenação do governo Orestes Quércia.
Foi deputado federal por seis mandatos e Ministro dos Transportes do governo Itamar Franco. Já no PSDB, em 2006, foi eleito vice-governador de São Paulo na chapa do também tucano José Serra.
Goldman assumiu o cargo de governador entre abril e dezembro de 2010, quando Serra disputou a Presidência da República. “Minha vida política foi mais do que fazer proselitismo. Foi minha forma de contribuir com o país”, dizia o ex-governador.