“A democracia mostrou sua força na Guatemala, e o respeito pelo resultado sufragado nas urnas beneficia toda nossa região”, afirmou o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que participou da cerimônia de posse
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), representou, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo brasileiro na posse do presidente e da vice-presidente eleitos da Guatemala, Bernardo Arévalo, e Karin Herrera, neste domingo (14), na Cidade da Guatemala.
A posse do novo presidente guatemalteco enfrentou resistências da oposição reacionária no Congresso, o que atrasou a realização da cerimônia. Houve protesto pró-Arévalo na Praça da Constituição, na Cidade da Guatemala, contra os atos golpistas que queriam impedir a cerimônia de posse.
“O processo eleitoral na Guatemala sofreu sérias ameaças, mas a democracia prevaleceu”, afirmou o vice-presidente.
CARTA DEMOCRÁTICA DA OEA
“As ameaças à posse do presidente Lula reforçaram nossa convicção sobre a importância do apoio da comunidade internacional e de instrumentos como a Carta Democrática da OEA para a preservação da democracia no continente americano”, disse o vice-presidente.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, divulgou na tarde do domingo, declaração conjunta em apoio a Arévalo, e à vice-presidente eleita.
Ao assinar a carta, Alckmin declarou que a Guatemala realizou “eleição justa, livre e transparente, acompanhada por observadores internacionais e refletindo a livre manifestação de vontade do povo guatemalteco”, afirmou. “A democracia mostrou sua força na Guatemala, e o respeito pelo resultado sufragado nas urnas beneficia toda nossa região”, completou.
Alckmin participou da sessão solene de juramento e também da cerimônia de posse dos membros do gabinete de governo da Guatemala.
REUNIÕES BILATERAIS
Antes da cerimônia de posse, o vice-presidente encontrou-se com Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, e Alícia Ibarra, chanceler do México. Alckmin também realizou reunião bilateral com a vice-presidente da Guatemala, Karin Herrera.
As autoridades guatemaltecas demonstraram grande interesse em programas brasileiros de agricultura familiar e de uso da água. Brasil e Guatemala mantêm relações diplomáticas há mais de século.
Nos últimos anos, aprofundaram a cooperação técnica, especialmente em programas como aleitamento materno e polícia comunitária.
‘JANELA DE OPORTUNIDADES’
“Fomentar iniciativas de colaboração internacional com os países da América Central e do Caribe é uma das prioridades do governo brasileiro. Dentre esses, sobressai a Guatemala, com mais de 18 milhões de habitantes e localização estratégica”, afirmou o vice-presidente.
Alckmin lembrou que o presidente Lula foi o primeiro mandatário brasileiro a visitar a Guatemala, em 2005.
“Com a eleição do presidente Arévalo, que mostrou grande sensibilidade para com os desafios sociais da Guatemala, uma janela de oportunidades se abre para os nossos países, em termos de cooperação e abertura de mercados, que se traduzirão em benefício para as nossas populações, com criação de empregos e aumento de renda”, afirmou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
ELEIÇÕES GUATEMALTECA E CRISE POLÍTICA
A mais recente crise política na Guatemala, em 2023, iniciou-se após a divulgação dos resultados preliminares do primeiro turno eleitoral das eleições de 25 de junho de 2023, nos quais surpreendentemente Bernardo Arévalo ficou em segundo lugar atrás de Sandra Torres e passou para o segundo turno que foi realizado em 20 de agosto.
O pleito foi vencido por Arévalo com cerca de 61%. A concorrente, Sandra Torres, teve 39% dos votos.
Dia 28 de agosto de 2023, a principal corte eleitoral do país certificou a vitória de Arévalo.
No entanto, promotores tentaram suspender o partido pelo qual ele foi eleito, o que implicaria acabar com o apoio dele no Legislativo.
Além disso, Torres, a derrotada, entrou com processo para reverter os resultados das urnas, dizendo que houve fraude na contagem de votos — os órgãos independentes e outros grupos de observação do processo eleitoral afirmam que não viram fraudes.