
O vice-presidente também defendeu a aprovação da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil
Em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (29), o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano. Segundo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, a Selic a 15% ao ano torna o crédito caro e aumenta a dívida pública. Para o vice-presidente, a cotação do dólar e a inflação dos alimentos estão controlados, o que facilitaria reduzir a taxa.
“Estamos otimistas que a gente possa ter uma redução da Selic mais rápida. […] Acho que é importante a redução porque, além de atrapalhar o PIB, ela encarece a dívida”, declarou. A pressão do vice-presidente pela redução dos juros pelo Banco Central se soma à opinião de empresários do setor produtivo do país que estão sendo estrangulados pelo rentismo. O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, por exemplo, chegou a afirmar recentemente que o juros altos hoje prejudicam mais a economia do país do que o tarifaço de Trump.
Geraldo Alckmin também falou sobre a proposta de isenção do imposto de renda para os setores que compõem a base da pirâmide social. Ele afirmou que espera a aprovação na próxima quarta-feira (1º) do projeto que isenta de Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil por mês. A proposta, que é um compromisso de Lula com os assalariados – hoje sobrecarregados de impostos -, está na Câmara dos Deputados. O governo trabalha para que a isenção dos assalariados entre em vigor já em 2026. Em paralelo, há a proposta de compensação com a taxação dos chamados super-ricos, que pagam proporcionalmente menos impostos.
Na mesma entrevista à CBN, o vice-presidente Geraldo Alckmin também defendeu que o Brasil, no futuro, reflita sobre mudanças na metodologia no cálculo da taxa inflação, a exemplo dos Estados Unidos, que excluem alimentos e petróleo do núcleo da inflação. A ideia não é nova e já foi aplicada – pelo menos em parte – no Brasil por Delfim Neto na década de 1980 e não agradou. Com o chamado expurgo, preços importantes para a vida das pessoas sobem, mas isso não se reflete na inflação, prejudicando o poder de compra da população.
Outra opinião polêmica, externada pelo vice-presidente, desta vez num evento do Insper, em São Paulo, na sexta-feira (26), foi a de que o governo deveria aumentar a meta fiscal de superávit primário de 0,25% do PIB para 2,5%. “O ano que vem, a meta é 0,25% do PIB de superávit. Talvez tenha que no futuro ir mais depressa. Pular do 0,25% para 1% de superávit, depois pular para 2%. Quando chegar nos 2,5%, segurou a dívida”, argumentou o vice-presidente. Alckmin sabe bem que a divida só se estabiliza de verdade com juros mais baixos, investimentos públicos e privados em alta e crescimento do PIB. “Ajuste” menos drástico do que este, acabou de derrubar o primeiro-ministro francês.
Com informações da Agência Brasil