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O vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, criticou a privatização do saneamento básico “para fazer caixa” e defendeu a redução dos juros.
“Tenho crítica ao modelo de saneamento, pois os governos estaduais muitas vezes querem fazer caixa. Vendem um ativo para pegar R$ 1 bilhão, R$ 2 bilhões, R$ 3 bilhões, R$ 4 bilhões ou R$ 5 bilhões, não pagam dívida, torram o dinheiro em pessoal e custeio, ficam sem ativo, continuam com a dívida, e deixam para o futuro um estado sem ativo, com maior folha de pessoal e com mais custeio”, falou Alckmin durante um evento em Brasília.
No caso da empresa de saneamento de São Paulo, a Sabesp, cuja privatização foi concretizada em julho de 2024, parte do valor pago pelas empresas que assumem o controle está sendo utilizado para subsidiar o preço das tarifas.
A Sabesp foi privatizada abaixo de seu preço de mercado, com o governo de Tarcísio de Freitas abrindo mão de R$ 5 bilhões por vender cada ação por R$ 67, ao invés de sua cotação mais recente, que era de R$ 87.
Dos R$ 14,8 bilhões arrecadados com a privatização, R$ 4,4 bilhões foram destinados a um fundo que serve para subsidiar o preço das tarifas. Ou seja, Tarcísio vendeu a estatal para que a empresa privada mantenha preços mais baixos, fazendo com que o dinheiro vire fumaça em alguns anos. Depois disso, as tarifas, sem subsídio, serão aumentadas para garantir o lucro da empresa.
Ainda no evento, Geraldo Alckmin disse que os juros devem ser reduzidos e o governo federal pode ter participação nisso, como mudando a forma como é estabelecida a meta de inflação, usada pelo Banco Central como métrica para aumentar os juros.
Geraldo Alckmin propôs que a meta passe a analisar individualmente componentes da inflação, e não somente o resultado, para evitar que a inflação causada por secas seja usada como argumento para subir os juros. Isso, segundo ele, impediria que os juros subissem por aumentos nos preços que são alheios ao controle monetário.
“Não adianta aumentar juro porque não choveu. E não adianta subir juro que não vai baixar o preço do petróleo, isso é geopolítica”, declarou.