
Ambos mostram que o governo Trump ignorou propostas de negociação do Brasil
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram para o governo dos Estados Unidos uma carta manifestando “indignação” com as sanções impostas por Donald Trump contra o Brasil e afirmando que são os EUA que não querem negociar.
“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, diz o documento.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou taxas de 50% sobre todos os produtos brasileiros para tentar impedir o julgamento de Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe, em um processo que chama de “caça às bruxas”.
Na carta, Trump chega a dizer que as relações econômicas entre Brasil e EUA são “injustas” e prejudicam o país norte-americano.
Alckmin e Vieira rebatem a afirmação e apontam que, segundo dados dos EUA, é o Brasil que teve déficit comercial de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos na relação.
Os dois apontam na carta que o governo brasileiro tenta negociar com Donald Trump as taxas que vêm sendo anunciadas desde fevereiro, mas que os EUA não respondem às tentativas de negociação feitas pelo Brasil.
Em 16 de maio, o governo do Brasil enviou para os Estados Unidos uma “minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas”.
Essa proposta, porém, nunca teve resposta.
“Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira”, continuam Geraldo Alckmin e Mauro Vieira.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, completam.
Jair Bolsonaro e seus aliados têm defendido que o governo brasileiro deva se subordinar aos Estados Unidos e fazer o que Trump está mandando. No caso, o interesse de Bolsonaro é que seu processo seja interrompido para que não seja condenado e preso.