
Governo encaminhou ao Congresso, pelo quarto ano consecutivo, proposta de salário mínimo sem aumento real. Com congelamento do piso nacional, famílias perdem o poder de compra e a economia anda para trás
Em campanha, o vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin (PSB), da Federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV, com apoio de arco de forças políticas e sociais amplíssimo, defende o aumento real do salário mínimo diante de proposta do governo Jair Bolsonaro (PL) de congelá-lo.
“Isso é muito grave” entende Alckmin, “porque pode empobrecer ainda mais a família brasileira”, denuncia o candidato a vice-presidente da Federação Brasil da Esperança.
Para o vice de Lula, isso vai levar “à situação gravíssima” diante da tragédia social em que o Brasil se encontra, desde a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), agravada por Bolsonaro, a partir de 2019.
Por essa razão, Geraldo Alckmin, que já foi governador do Estado de São Paulo (2001-2006 e 2011-2018), defendeu que “nós temos o dever de eleger o ex-presidente Lula para garantir às famílias a alimentação, o consumo e realização dos sonhos” dos brasileiros, em particular dos mais pobres e vulneráveis.
IDEAL E NECESSÁRIO
Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico), o salário mínimo ideal e necessário para manter família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.388,55, ou 5,27 vezes o piso nacional, que é de R$ 1.212.
O cálculo do Dieese, leva em consideração a cesta básica mais cara do Brasil, que foi a de São Paulo em julho (R$ 760,45), e o cumprimento da determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
ORÇAMENTO 2023
O governo Bolsonaro enviou em agosto proposta de Orçamento da União em 2023, com salário mínimo sem aumento real. Desse modo, apenas com a reposição da inflação o piso nacional passaria de R$ 1.212 para R$ 1.302.
Corrigido por inflação prevista de 4,5%, foi estipulado valor de R$ 1.302 para o mínimo. Bolsonaro também enviou na LOA (Lei Orçamentária Anual) a previsão de Auxílio Brasil de R$ 400.
Isto é, o benefício, pelo orçamento proposto pelo atual presidente da República cai dos atuais R$ 600, para R$ 400. Diante da inflação galopante, o salário perde crescente poder de compra das famílias.
DENÚNCIA DE JANONES
Diante da proposta do governo encaminhada ao Congresso Nacional, o deputado federal André Janones (Avante-MG) acusou o governo de propor a redução do valor do salário mínimo, de aposentadorias, BPC (Benefício de Prestação Continuada) e pensões.
Em ‘live’, em frente ao Ministério da Economia, o deputado denunciou essa proposta do governo. Ele disse que estava saindo do prédio para informar que o ministro Paulo Guedes, que comanda a pasta, teria anunciado a redução no valor do salário mínimo, aposentadorias, BPC e pensões. A medida começaria a valer a partir de 2023.
“Estou com os documentos aqui nas mãos. Não é fake news, não é notícia falsa. Paulo Guedes acaba de anunciar que os benefícios sociais não serão mais reajustados pelo índice da inflação. Denunciem isso para o país inteiro”, convocou.
Em seguida, o deputado disse que se a medida já estivesse em vigor, o salário mínimo seria reduzido para R$ 1.094. “Não estou pedindo votos. Não importa em quem você vota, nos ajude a impedir esse crime”.
M. V.