O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), defendeu nesta quarta-feira (15) “baixar os juros para poder atrair mais investimentos”. Alckmin é também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
As declarações do vice-presidente foram dadas aos jornalistas após coordenar, no Itamaraty, a reunião interministerial da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Ele participou com ministros de reunião preparatória para a viagem de Lula à China.
Alckmin disse que o Brasil “tem de aproveitar todas as oportunidades para gerar emprego, fazer a economia crescer e baixar juros”.
Ele comentou que o governo Lula busca a ampliação das relações comerciais com outros países e aumentar seu protagonismo na economia mundial. De acordo com o vice-presidente da República, a estratégia para atingir esse objetivo será o foco tanto em comércio regional como em tratados bilaterais.
“Não tenham dúvidas de que o presidente Lula vai reinserir o Brasil no comércio mundial, e isso vai trazer muitas oportunidades”, declarou Alckmin.
“Temos 2% do PIB mundial. Isso significa que 98% do comércio está fora do Brasil”, argumentou.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços defendeu a importância de valorizar o Mercosul, lembrando que, em diversos blocos regionais, a maior parte do comércio é praticada internamente, entre os países associados. Ele deu como exemplo a União Europeia, onde mais de 70% do comércio é praticada entre os países-membros.
“Se pegar EUA, México e Canadá, mais de 60% do comércio é praticado ali mesmo, mas quando você vem para a América Latina, é menos de 30%. Então a primeira tarefa é fortalecer o comércio regional, porque o mundo, embora seja globalizado, é fortemente intrarregional. Precisamos fortalecer aqui as relações de comércio e aproveitar todas as oportunidades na nossa própria região”, complementou.
Segundo Alckmin, a “outra tarefa” é a de avançar com os tratados bilaterais.
A Cosban, reunião da qual Alckmin participou no Itamaraty, foi criada em 2004 durante o primeiro governo Lula. Trata-se, segundo Alckmin, de “uma comissão de alto nível para relação Brasil – China, que é o nosso maior parceiro comercial”.
O comércio bilateral entre os dois países é de US$ 150 bilhões, com um superavit, para o lado brasileiro, de US$ 28 bilhões. “Há US$ 70 bilhões em investimentos da China no Brasil”, disse o vice-presidente.
“Há muitas possibilidades em energias renováveis, hidrogênio verde, infraestrutura; no complexo da saúde; nas áreas aeroespacial; de educação, ciência e tecnologia; agricultura; indústria e turismo. Não tem uma área onde não pode ser implementado um aumento e a diversificação do comércio bilateral”, acrescentou.
O vice-presidente também apoiou as manifestações do presidente Lula contrárias à participação do Brasil na venda munições à Alemanha para ajudar a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
Alckmin disse que concorda com Lula. “Precisamos promover a paz”.
“O Brasil tem histórico de trabalhar pela paz, e Lula pode fazer a diferença”, completou.
Ele ainda falou aos jornalistas sobre o que considera duas recentes conquistas brasileiras que contribuem para ampliar as relações comerciais com o exterior. A primeira foi o fato dos EUA terem retirado o Brasil da “lista antidumping” para placas de aço carbono, uma liga metálica bastante usada na indústria automobilística; de eletrodomésticos; e pela construção civil.
A outra foi a desburocratização de um procedimento para a exportação de carne de frango. “Antes, [para exportar esse produto] tínhamos de fazer uma emissão de certificado em papel que era emitido pelo Banco do Brasil a um custo de R$ 160 cada. Só no ano passado foram feitas 14,5 mil emissões. Essas licenças passam agora a ser feitas de forma digital e a custo zero. Ganha tempo, desburocratiza, tira papel e reduz custos. Tudo para facilitar a vida do empreendedor”.
Lula viaja ao gigante asiático no próximo mês para se encontrar com o presidente Xi Jinping. O encontro interministerial ocorreu para que as pastas alinhem propostas e requisições a serem discutidas com o governo chinês.
Além de secretários-executivos dos ministérios, compareceram à reunião o ministro da Educação, Camilo Santana; o ministro da Defesa, José Múcio; a ministra do Turismo, Daniela Carneiro; o ministro das Cidades, Jader Filho; e o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.