O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), escolhido pelo presidente da Câmara para relatar o projeto de Lei de iniciativa do executivo para a privatização do Sistema Eletrobrás, manifestou que o projeto do jeito que está “não tem nenhuma viabilidade política”. Declarou, ainda, que não apoiará a venda da estatal “apenas para fazer caixa” e fechar as contas deste ano. O governo quer arrecadar R$ 12,2 bilhões com a operação. “O projeto não traz nenhuma solução de médio/longo prazo para o setor. É apenas uma proposta de venda com algum ‘biscoito’ para certos grupos. Assim, não passa em 2018 nem nunca”, disse.
Para Roberto Pereira D’Araújo, ex-conselheiro de Furnas e diretor do Ilumina (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético), o desmonte da estatal é resultado de políticas que prejudicaram a eficiência da empresa e que seus problemas de agora são utilizados pelo governo para justificar a privatização. “As políticas impostas foram muito mais nocivas”, afirma no artigo, publicado no site no dia 23/01, “Não há inocentes nessa história”. “Hoje, depois de o governo Dilma obrigar que metade das usinas da Eletrobras entregue energia por menos de 1/5 dos preços privados, um consumidor brasileiro paga por 1 kWh o dobro do que paga um norueguês ou um canadense, cidadãos que também moram em pedaços abençoados do planeta. Por acaso essa compulsória redução de tarifa foi um projeto para os pobres? Claro que não!”, disse referindo-se à MP 579 de 2012.
O projeto de lei de Temer foi enviado ao Congresso Nacional na segunda-feira (22), após sofrer derrota na Justiça, tentando privatizar a Eletrobrás a toque de caixa através de Medida Provisória. A liminar foi dada na ação popular contra a privatização impetrada pelo deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Chesf.
Em Davos, o ex-presidente do Banco Central de Lula e atual ministro de Temer, Henrique Meirelles, declarou que “a privatização da Eletrobrás é tão ou mais importante que a privatização da telefonia na década de 1990”.