Espiões da Abin usaram programa de invasão de computadores contra opositores de Bolsonaro. O “ataque” se dava via disparo de e-mail, mensagem de texto ou WhatsApp
Durante as investigações da Polícia Federal sobre a arapongagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) os agentes descobriram que, além de rastrearem celulares, os criminosos também usaram outros meios de espionagem, através de programa de invasão de computadores.
Dois servidores da Abin suspeitos foram presos. Os investigadores encontraram no material apreendido para análise outros dispositivos invasivos, que estavam sendo utilizados para invasão em massa de computadores, segundo informação obtida pelo jornalista César Tralli, da TV Globo e GloboNews.
Os espiões usaram uma ferramenta de invasão que acessa todo o conteúdo dos computadores. O ataque é feito através de um malware (software que causa danos). A invasão dos computadores pode se dar via disparo de um e-mail, por uma mensagem de texto, por WhatsApp web, por exemplo, e por acesso físico ao computador (pen drive), alvo de espionagem.
Na semana passada, operação da Polícia Federal trouxe à tona um esquema criminoso de rastreamento de celulares conduzido pela Abin. Mais de 33 mil acessos foram feitos sobre a localização de aparelhos de ministros do STF, auxiliares, funcionários da corte, servidores públicos, jornalistas, políticos e policiais, dentro outros.
Ao todo, a PF cumpriu na operação 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás e no Distrito Federal. A agência disse que colaborou com a Polícia Federal e que a operação é retaliação. A empresa israelense fornecedora deste sistema foi alvo de busca e apreensão.
A nova descoberta, envolvendo esquemas de invasão de computadores, não é da mesma empresa que vende o rastreamento de geolocalização de aparelhos de telefone, o que levará a PF a ir atrás também da ponta fornecedora das ferramentas de intrusão de computadores.
A empresa israelense Cognyte, que desenvolveu o software First Mile – utilizado por arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente opositores e críticos do governo Jair Bolsonaro (PL) – está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A empresa já é investigada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
No governo Bolsonaro, em 2021, a PRF renovou contrato com a Cognyte. Nessa ocasião, a PRF estava sob a direção de Silvinei Vasques, preso posteriormente pela suspeita de utilizar a corporação para tentar interferir no segundo turno da eleição de 2022 para favorecer Jair Bolsonaro.
A descrição genérica do contrato mencionou “serviços de manutenção e treinamento” para uma ferramenta da empresa.