“Esse é um passo a mais que nós estamos dando na busca da interrupção da transmissão do vírus na cidade”, afirmou o secretário de Saúde da maior cidade do país
O secretário de Saúde do município de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou nesta quinta-feira (09), em entrevista ao HP, que a cidade de São Paulo vai acrescentar às quase 300 mil pessoas com sintomas sugestivos de Covid-19 que já são monitoradas pela atenção básica da capital, os familiares e o círculo de pessoas que tiveram algum contato com um paciente diagnosticado.
“Serão em média cinco pessoas, pode ser um pouco mais ou um pouco menos, que serão rastreadas pelos agentes de saúde a partir das informações obtidas com o paciente para serem testados”, explicou o secretário.
“Esse é um passo a mais que nós estamos dando na busca da interrupção da transmissão do vírus na cidade”, acrescentou Aparecido. “As pessoas que entraram em contato com os pacientes diagnosticados no hospital ou na unidade de saúde serão testadas e receberão orientações e apoio para fazerem o isolamento, se for o caso”, disse o secretário.
“As pessoas que entraram em contato com os pacientes diagnosticados no hospital ou na unidade de saúde serão testadas”
“Eles ficam em casa até o recebimento do resultado do exame RT-PCR do novo Coronavírus, que sai em dois ou três dias. Caso seja positivo, ele é, então, afastado do trabalho, recebe um atestado para permanecer isolado por 14 dias e passa a ser monitorado pela equipe da atenção básica”, assinalou Aparecido.
O secretário da Saúde da maior cidade do país informou que São Paulo já testou mais de 650 mil pessoas desde o início da pandemia e está realizando atualmente 5 mil testes TR-PCR por dia. Ele acrescentou que “todo esse trabalho na atenção básica de rastreio de casos e busca de casos estará sendo feito também com base no inquérito sorológico, cujo resultado da primeira fase acaba de ser divulgado”.
O resultado da segunda fase apontou que 9,8% da população da cidade já teriam sido infectadas, ou seja, 1,2 milhão de pessoas. Este resultado é muito próximo do que foi obtido na “fase zero”, primeira fase do inquérito, onde essa taxa era de 9,5%, ou 1,16 milhão de infectados. O secretário informou que o prefeito Bruno Covas já autorizou e ele vai ampliar o inquérito sorológico para 9 fases. Oficialmente, a cidade de São Paulo tem 176.303 casos de Covid-19.
De acordo com o resultado da segunda fase do inquérito apresentado, as características predominantes das pessoas que tiveram Covid-19 são: idade entre 35 e 49 anos, nunca estudaram, pertencem às classes D e E, moram em casas com cinco ou mais pessoas acima de 18 anos, não praticaram distanciamento social e trabalham fora ou em regime misto.
“Os fatores de risco para a infecção pelo coronavírus na cidade se confirmam como aqueles indivíduos de maior pobreza, de maior vulnerabilidade, de menor escolaridade, de menor renda e de maior número de moradores [na mesma casa]”, declarou o secretário Edson Aparecido.
“Os fatores de risco para a infecção pelo coronavírus na cidade se confirmam como aqueles indivíduos de maior pobreza, de maior vulnerabilidade, de menor escolaridade, de menor renda e de maior número de moradores [na mesma casa]”
Os lugares onde está concentrado o maior número de casos são Brasilândia, Cachoeirinha, Jaçanã, Liberdade, Santa Cecília, Cidade Ademar, Jardim São Luís, Campo Limpo, Capão Redondo, Parque São Lucas, Sapopemba, Itaim Paulista, Itaquera e Lajeado. “A ampliação do acompanhamento dos casos, com a inclusão do exame em familiares e contactantes dos pacientes diagnosticados, vai permitir um maior controle da disseminação da doença nas áreas mais vulneráveis”, destacou Edson Aparecido.
O secretário informou que muitas medidas já foram e continuam a serem tomadas no sentido de garantir que as famílias mais carentes possam efetivamente fazer o isolamento social. “Neste sentido”, diz ele, “foram distribuídas mais de um milhão de cestas básicas e foi revertida a merenda escolar em recursos financeiros para a aquisição de alimentos”. Segundo Edson Aparecido, todo o esforço é no sentido de se prover condições para garantir o isolamento.
Ele disse também que a Prefeitura está viabilizando locais destinados para pessoas em condições de muita vulnerabilidade. “Essas pessoas, moradores de rua, estão sendo levadas para hotéis alugados pelo poder público para poderem fazer o isolamento e terem um acompanhamento”, apontou.
“Geralmente as pessoas preferem fazer o isolamento junto ao núcleo familiar”, acrescentou Aparecido, ao comentar a dificuldade das pessoas deixarem suas famílias e irem para um isolamento. Ele deu o exemplo de uma comunidade onde foi designado um local com 500 vagas para que as pessoas fizessem o isolamento e as pessoas se recusavam a deixar seus familiares.
Na avaliação de Edson Aparecido “há uma aparente estabilização da pandemia na cidade de São Paulo”. “Em final de abril e início de maio, as solicitações diárias de internação eram de 260 leitos de enfermaria e de 90 leitos de UTI. Agora os pedidos de vagas para enfermaria caíram para 22 e de UTI para 11 diariamente”, informou.
Segundo o secretário, “a cidade se preparou para fazer frente à pandemia e garantir o atendimento adequado da população durante o período mais agudo da crise”. “Foram criados 7 novos hospitais que vieram para ficar”, afirmou o secretário.
SÉRGIO CRUZ