Em consequência da submissão a Washington, Alemanha e França, as duas maiores economias do bloco europeu, iniciaram o terceiro trimestre do ano com contrações em suas economias, registrou na segunda-feira (24) a agência norte-americana Bloomberg
O Índice Composto de Gestores de Compras publicado pela S&P Global (PMI) para a Alemanha caiu para 48,3 em julho, o menor nível deste ano, sendo que níveis abaixo ou acima de 50 representam contração e crescimento, respectivamente. O setor industrial impulsionou o desempenho negativo, que está abaixo de 50 há mais de um ano. Já o crescimento dos serviços seguiu desacelerando pelo segundo mês.
“Nos últimos meses, vimos uma queda de cair o queixo tanto nos novos pedidos quanto nas pendências de trabalho, que agora estão diminuindo em suas taxas mais rápidas desde a onda inicial da COVID-19 no início de 2020. Isso não é um bom presságio para o resto do ano”, disse Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.
De acordo com os dados do Instituto Econômico Alemão (IW, na sigla em alemão), o país encabeçou a lista dos que mais perderam investimentos no ano passado, com um recorde de US$ 132 bilhões (R$ 641,11 bilhões), seguida pelo Japão, com uma saída de US$ 129 bilhões (R$ 626,54 bilhões), e pelo Reino Unido, com uma saída de US$ 116 bilhões (R$ 563,4 bilhões).
Bilhões de euros em apoio militar, econômico e financeiro direto para a Ucrânia e mais bilhões fornecidos através de instituições da UE estiolaram o orçamento alemão, reconheceu o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner
Já a França teve um desempenho ainda pior, com o PMI atingindo um valor de 46,6, o pior desde novembro de 2020. Segundo especialistas, o setor industrial em particular, mas também o de serviços, sofreram novas contrações.
“Os dados sinalizam um arrefecimento perceptível da economia, mostrando a redução mais acentuada da atividade empresarial desde novembro de 2020, que precedeu uma contração do PIB” na França, assinalou Norman Liebke, economista do Hamburg Commercial Bank.
As recentes análises da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), citadas pelo Wall Street Journal, indicam que o consumo privado na Europa, já aponta para o decréscimo com uma queda de 1% desde o patamar de 2019, ou seja, está abaixo do montante absorvido pelos consumidores, em uma estagnação de mais de três anos.
Outro fator destacado para a contração da economia é o ajuste dos salários, que sofreu uma redução de aproximadamente 3% desde 2019 na Alemanha, 3,5% na Itália e Espanha e 6% na Grécia.
ORÇAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA ENCURTA
Nesse aperto, as contribuições com o orçamento da União Europeia são cortadas.
“Tendo em vista os cortes necessários no nosso próprio orçamento nacional, não podemos atualmente fazer quaisquer contribuições adicionais para o orçamento da União Europeia”, disse o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, em uma entrevista ao portal Welt.
As observações do ministro vêm na sequência de queixas da Comissão Europeia de que a ajuda à Ucrânia “esgotou ao máximo” o orçamento do bloco de longo prazo 2021-2027, sugerindo que a Alemanha e outras grandes economias da UE devem contribuir para compensar a diferença.
A Alemanha poderia ter evitado a atual recessão, que pode evoluir para uma estagnação econômica de longo prazo, se os países europeus tivessem adotado uma posição neutra em relação ao conflito na Ucrânia, disse Charles Gave, economista francês e especialista em geopolítica.
Berlim está em terceiro lugar atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido em termos de apoio militar e econômico total à Ucrânia.
Após apresentar duas contrações trimestrais seguidas em seu PIB, a Alemanha foi o primeiro país do G7 a entrar em recessão técnica. E, segundo o Commerzbank, segundo maior banco comercial do país, a fraqueza deverá se seguir no segundo semestre deste ano.
“Em média, as recessões desencadeadas por taxas de juros mais altas duram cinco trimestres na Alemanha. O comprimento varia consideravelmente. Por exemplo, a fase fraca após o estouro da bolha do mercado de ações em 2000 durou cerca de quatro anos, com três períodos em que o PIB caiu por pelo menos dois trimestres consecutivos”, relembra o banco alemão.