“Isso extrapola o embate ideológico. É mesquinho, é cruel”
O deputado Alex Manente (Cidadania-SP) afirmou que “Bolsonaro fez chacota da dor de um filho que perdeu o pai”, repudiando as ofensas sofridas pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Para o deputado, “isso extrapola o embate ideológico. É mesquinho, é cruel. Não é postura de alguém que se diz conservador”.
“Não é a postura que se espera de um presidente em uma República. Lamentável”, escreveu o parlamentar em uma rede social.
O deputado ainda sublinhou que como secretário das Relações Internacionais da Câmara dos Deputados sabe “que quando o presidente da República não mede as suas palavras, a credibilidade do Brasil é prejudicada”.
“Não faço oposição sistemática ao governo e apoio o que é bom para o Brasil. Por isso o apelo de respeito ao decoro”, observou.
Bolsonaro desrespeitou a memória de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, morto em 23 de fevereiro de 1974, aos 26 anos, assassinado pela ditadura.
Ao atacar a suposta atuação da OAB no caso de Adélio Bispo, que lhe deu uma facada durante a campanha eleitoral, disse: “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”.
Só que isso é uma falsificação de Bolsonaro. A OAB não impediu nada durante o processo de Adélio. Ele confunde intencionalmente o processo de Adélio com outro, em que atuou o mesmo advogado, Zanone Manuel de Oliveira. Ele já tinha feito essa manipulação, no início de julho, no Facebook.
Nesse outro caso, que nada tem a ver com o processo de Adélio, a OAB realmente recorreu contra a apreensão do telefone do advogado e em defesa do princípio da inviolabilidade profissional e constitucional de um advogado.
“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro”, disse em entrevista.
Após as críticas às suas declarações, Bolsonaro mentiu dizendo que Fernando Santa Cruz foi morto pelos companheiros da organização a que pertencia.
Ele foi desmentido por documentos oficiais produzidos pela Aeronáutica, outro da Marinha e mais um do Ministério da Defesa.
Os documentos atestam que Fernando Santa Cruz desapareceu no Rio de Janeiro após ser preso por oficiais do DOI-Codi, antro de torturas e sevícias da ditadura.
Relacionadas: