
O prefeito do município de Rio Largo (Alagoas), Gilberto Gonçalves (PP), que já foi preso três vezes, é aliado fiel do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e faz questão de deixar clara a influência do parlamentar na liberação de recursos para a cidade em ano eleitoral.
A cidade recebeu pelo menos R$ 41,6 milhões de recursos por meio de emendas parlamentares, número que supera cidades maiores do Estado como Arapiraca (1,4 milhão) e Maceió (14,7 milhões). O grosso dos recursos saiu em agosto de 2020, quando teve início a campanha das eleições municipais, para ser investido em obras de pavimentação de ruas.
De acordo com informações do jornal “Folha de S.Paulo”, os três principais contratos foram firmados com a Codevasf, órgão federal que conta com a influência de Lira.
Segundo o jornal, a vinculação do parlamentar à liberação dos recursos também está explicitada em painéis de publicidade espalhados pela cidade.
Na saída do aeroporto de Maceió, divisa com Rio Largo, uma placa presa em um viaduto não deixa margem para dúvidas. Nela, o presidente da Câmara dos Deputados aparece ao lado de Gilberto Gonçalves, que o parabeniza. Na zona urbana da cidade, placas se replicam com novas congratulações a Arthur Lira. As peças de publicidade destacam obras “tamanho GG”, que estão sendo feitas pela gestão municipal com recursos de emendas.
Com o discurso de melhorias angariadas com as obras, Gonçalves conseguiu se reeleger, mesmo já tendo sido preso por três vezes ao longo dos últimos 15 anos. O prefeito é investigado pela Operação Taturana, que apura esquemas de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa de Alagoas, tendo sido preso em 2007 no âmbito do inquérito.
Dois anos depois, ele foi preso pela segunda vez sob acusação de ameaçar de morte um ex-funcionário que o havia denunciado na Justiça do Trabalho. Em 2014, foi preso novamente por ter facilitado a fuga de um motorista que havia recebido ordem de prisão por crime eleitoral.
Gilberto Gonçalves foi eleito prefeito de Rio Largo em 2016, mas acabou sendo cassado em 2019 pela Câmara Municipal por improbidade administrativa. O político foi acusado de uso da máquina pública para fins particulares.
No mandato atual, membros da família dele estão diretamente ligados à gestão. Sua mulher é vice-prefeita; a filha é secretária municipal de Relações Institucionais, utilizando a prefeitura como trampolim para uma candidatura a deputada estadual, de acordo com a reportagem.