Em outubro, o grupo “alimentos e bebidas” foi responsável, sozinho, por 61% da inflação da classe de renda muito baixa, reflexo do aumento nos seguintes itens: arroz (13,4%), batata (17%), tomate (18,7%), óleo de soja (17,4%) e carnes (4,3%), destaca o Ipea
A inflação do último período pesou mais no bolso dos mais pobres, revelou pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada na quarta-feira (11). Isso porque a pressão dos preços de alimentos em outubro representou 61% do índice para os que têm renda familiar mais baixa.
Enquanto a inflação do mês passado cresceu 0,86% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para famílias com renda de até R$ 1.650,50, os preços cresceram 0,98%.
Segundo o Ipea, isso se explica porque as famílias de menor renda destinam maior parcela de seus orçamentos para alimentos e produtos essenciais. De acordo com o levantamento, 61% da taxa refletiu a alta dos alimentos para consumo em domicílio, como o arroz (+13,4%), batata (+17%), tomate (+18,7%), óleo de soja (+17,4%) e carnes (+4,3%).
A inflação acumulada no ano de 2020 para os mais pobres também é mais alta: de +3,53%. Em 12 meses, o índice chega a 5,33%. De janeiro a outubro, o preço do arroz subiu 47,6%; do feijão 59,5%; do leite 29,5%; e, do óleo de soja, 77,7%.
Para compor o indicador Inflação por Faixa de Renda, o Ipea se baseia em seis grupos de renda familiar: muito baixa (menor que R$ 1.650,50), baixa (entre R$ 1.650,50 e R$ 2.471,09), média-baixa (de R$ 2.471,09 a R$ 4.127,41), média (de R$ 4.127,41 a R$ 8.254,83), média alta (de R$ 8.254,83 a R$ 16.509,66) e alta (acima de R$ 16.509,66).
Enquanto isso, o grupo de famílias com a renda mais alta sentiram deflação no acumulado do ano por conta da redução dos preços dos serviços, que têm mais peso em sua cesta de compras no acumulado do ano. Passagem aérea (-37,3%), transporte por aplicativo (-22,7%), seguro de automóveis (-9,9%) e gasolina (-3,3%) foram alguns dos itens.
Contudo, a partir de setembro, a inflação para os mais ricos passou a subir: 0,29% sobre agosto e, depois, para 0,82% em outubro.
Os preços do arroz, óleo de soja e da carne, explodiram na pandemia e o governo Bolsonaro lavou as mãos.