O bolsonarista usou a plataforma para divulgar os endereços das contas novas e conseguir rapidamente milhares de seguidores para seguir disseminado falsas notícias e provocações ao ministro do STF
Empedernido, o despachante de fake news bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, gravou e distribuiu mais vídeo em que debocha da Justiça brasileira e insulta o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
Ele se ampara e faz blague com o fato de que, nos Estados Unidos, é inimputável por crimes cometidos no Brasil. Dá gargalhadas com a informação de que, sempre que uma conta dele nas redes sociais é retirada do ar, ele abre outra, sem qualquer dificuldade ou objeção legal.
Nos Estados Unidos, ele está vivendo uma vida de absoluta impunidade.
Allan dos Santos usa o Telegram para divulgar os endereços das contas novas e conseguir rapidamente milhares de seguidores.
No Instagram, ele criou conta chamada “Guerra de Informação”, que passou de 50 mil seguidores e foi bloqueada. Ele então criou uma nova, que já tem mais de 13 mil seguidores, entre eles o ex-chanceler Ernesto Araújo.
DESRESPEITO E INSULTOS
Nos stories, ele publicou vídeo, na segunda-feira (14), em que xinga o ministro do STF Alexandre de Moraes de “vagabundo”, “criminoso”, e diz que o ministro pode continuar a derrubar as contas, já que ele continuará criando novas.
Ele ainda diz que o ministro “não vale nada” e canta músicas dizendo que vai criar outros perfis nas redes sociais.
ENTENDA O CASO
Em outubro de 2021, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do blogueiro bolsonarista, pediu a extradição e a inclusão do nome dele na difusão vermelha da Interpol, o canal de foragidos — o que até o momento não ocorreu.
Em tese, segundo especialistas ouvidos pela Folha, após receber os pedidos embasados em decisões do STF, a Interpol deveria incluir os nomes quase que automaticamente na lista, após verificação de formalidades, como é o padrão, para acionar a rede de países integrantes e efetuar a prisão ordenada.
Especialistas ouvidos disseram não ser comum o não cumprimento dos pedidos pela Interpol e não souberam informar outros casos como esses.
Segundo eles, a não inclusão pode ocorrer, por exemplo, em casos em que a autoridade que solicita não é competente, quando o país solicitante passa por convulsão social ou em situações excepcionais.
Acesse no linque o novo vídeo postado nas redes sociais por Allan dos Santos: https://tv.uol/19Qda
PORQUE ALLAN DOS SANTOS FUGIU PARA OS EUA
Isto teria ocorrido em 31 de julho de 2020. O blogueiro fascistóide é alvo de dois inquéritos que tramitam no STF, que investigam esquema de divulgação de informações falsas, ataques a autoridades e organização de atos antidemocráticos.
Em transmissão ao vivo, na madrugada de 31 de julho de 2020, uma sexta-feira, organizada pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) — que também é alvo de investigações —, Allan dos Santos disse ter deixado o país. Até então, ele não era considerado foragido da Justiça. Apesar de ser investigado pelo STF, ele não era alvo de mandados de prisão.
Na ocasião, O Globo apurou que investigadores suspeitavam que Allan dos Santos havia deixado o Brasil dia 27 de julho em voo com destino à Cidade do México. No canal do blogueiro no YouTube, na última participação dele ao vivo no programa Terça Livre, que foi no dia 24 de julho.
INQUÉRITO DAS FAKE NEWS
Allan dos Santos é investigado no inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos. O primeiro apura rede de divulgação de informações falsas e ataques a ministros do STF.
O segundo investiga grupo que usa redes sociais para organizar atos antidemocráticos como protestos que pedem o fechamento do Congresso Nacional ou intervenção militar.
Em 2020, ele foi alvo de operações deflagradas pela Polícia Federal relativas às investigações.
E foi alvo, ainda em 2020, de decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a suspensão no Brasil e no exterior de contas ligadas ao grupo investigado no inquérito das fake news. Segundo a decisão, a suspensão era necessária “para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.