Ex-chanceler comparou o ex-presidente a Jim Jones, alucinado pastor norte-americano que levou mais de 900 seguidores ao suicídio coletivo
Ex-diretor da SPNegócios na gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), Aloysio Nunes, avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “convoca seus aliados para um suicídio político coletivo” ao promover o ato previsto para 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo.
“Ele é o Jim Jones da política brasileira”, disse o ex-chanceler ao jornal Folha de S. Paulo, comparando Bolsonaro ao pastor estadunidense que levou mais de 900 seguidores ao suicídio coletivo, em 1978, em Jonestown, na Guiana.
O ato bolsonarista convocado para dia 25 é uma espécie de dobrada da aposta, em que o ex-presidente quer demonstrar suposta força e capacidade de mobilização, a fim de intimidar o STF (Supremo Tribunal Federal) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Porque, ao fim e ao cabo, o ex-chefe do Executivo está intimidado e com medo de ser preso, pois o cerco está se fechando em torno dele, que está enredado em centenas de processos na Justiça.
Segundo levantamento do PL (Partido Liberal), Jair Bolsonaro já acumula quase 600 processos. A legenda monitora os casos porque cabe ao partido custear a defesa do ex-chefe do Executivo, em boa parte das ações.
ALIADO TÓXICO
A fala de Aloysio Nunes se dá em momento delicado para o prefeito de São Paulo, visto que a participação dele pode prejudicar sua candidatura à reeleição ao Palácio do Anhangabaú.
Na visão de aliados, a ida de Ricardo Nunes ao ato de Bolsonaro pode atrapalhar a estratégia de se mostrar como administrador da cidade que coloca as disputas ideológicas em segundo plano.
Além disso, a campanha teme que a participação seja vista como endosso aos crimes que têm sido atribuídos ao ex-presidente.
MANIFESTAÇÃO
O ex-presidente divulgou vídeo na última segunda-feira (12), em que convoca apoiadores para ato na Avenida Paulista.
Bolsonaro quer usar a manifestação para, segundo ele, se “defender” das recentes acusações de golpismo que ensejaram operações da PF (Polícia Federal) contra ele e aliados nas últimas semanas.
A ideia do ato partiu do pastor-político Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e aliado de primeira hora do ex-presidente.
Malafaia e Bolsonaro discutiram o assunto durante o Carnaval e bateram o martelo da data. O pastor, inclusive, vai ser o responsável pelo trio elétrico de onde o ex-presidente pretende discursar.
JONESTOWN
O chocante episódio de suicídio coletivo de Jonestown, comuna localizada na Guiana, em que 909 pessoas morreram após executar ritual liderado pelo líder religioso Jim Jones, completou 46 anos. A tragédia foi em em 18 de novembro de 1978.
Sob as ordens do fanático religioso estadunidense, adultos, idosos e crianças pertencentes à chamada seita “Templo do Povo” beberam ponche de frutas misturado com cianureto. Os cadáveres foram encontrados por autoridades horrorizadas no dia seguinte.
Apenas 33 pessoas sobreviveram ao massacre, tornando o evento, na época, aquele que tirou mais vidas estadunidenses sem envolver nenhum desastre natural.
Nos dias que se seguiram à noite de 18 de novembro de 1978, fotógrafos e repórteres tiveram de se mover por tapete de 909 corpos, 304 dos quais menores de idade, rapidamente inflados e irreconhecíveis pelo calor do verão amazônico. Imagens abjetas que correram o mundo, estampadas a cores, em jornais e na TV. O mundo ficou chocado.
M. V.
vem aí “o golpe dos fracassados”, parte 6. os bovinos nunca desistem de passar vergonha.