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Aumento do preço chega a 40% no atacado, alerta associação de supermercados
Com a disparada no preço da carne e a substituição do produto por ovos de galinha, o preço do ovo voltou a disparar no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Supermercados, a alta se intensificou desde a segunda quinzena de janeiro e chega a 40% no atacado.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), na quarta-feira (12), as cotações dos ovos brancos e vermelhos atingiram o maior patamar diário da série histórica do Cepea, em termos nominais, em diversas praças produtoras do país.
Em 14 de janeiro deste ano, na grande Belo Horizonte, o preço dos ovos brancos, caixa com 30 dúzias, saía por R$ 128,06. Na última sexta (14), a caixa custava R$ 252,33, uma alta de 97% de um mês para o outro. Já a caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos, subiu em 75,5%, de R$ 148,23 para R$ 260,24.
Na grande São Paulo, os ovos brancos aumentaram em 72%, de R$ 128,03 para R$ 220,13. No caso da caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos, a alta é de 68%, de R$ 149,78 para R$ 251,55.
Segundo Cepea, a nova disparada do preço do ovo está atrelada ao aumento da demanda pela proteína e à oferta limitada. “Colaboradores do Cepea”, que atuam na cadeia agropecuária, afirmam que “com a oferta reduzida e o bom volume de vendas, os patamares devem permanecer elevados pelo menos até a Quaresma, período em que, tradicionalmente, o consumo da proteína aumenta”, diz a nota, que segue.
“No front externo, os embarques brasileiros de ovos (incluindo produtos in natura e processados) voltaram a aumentar em janeiro, alcançando o melhor desempenho desde junho/23, de acordo com a Secex”, afirma a Cepea. Segundo a instituição ainda, a exportação brasileira de ovos representa menos de 1% da produção total.
Em 2024, as exportações brasileiras de ovos totalizaram 18.469, gerando uma receita de US$ 39,2 milhões, de acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em 2023, foram desembarcadas 25.404 toneladas, cerca de US$ 63,2 milhões em receita.
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirma que “as exportações do setor, embora pressionadas pela alta demanda interna pelo produto, se mantiveram sustentadas em patamares muito acima ao ocorrido há dois anos. Ao mesmo tempo, o último trimestre de 2024 marcou o início de um fluxo positivo nas exportações brasileiras de ovos, em patamares que deverão se sustentar ao longo de 2025”, ressalta Santin.
A entidade estima que as granjas brasileiras tenham produzido o marco histórico de 56,900 bilhões de unidades de ovos, superando em 8,5% a produção registrada no ano anterior, com 52,448 bilhões de unidades.
Apesar do recorde de produção, o preço médio nacional – que subiu 13,24% no ano de 2021 -, voltou a disparar em 2022 , com alta de 18,45% – e, em 2023, aumentou em 2,83% – apenas caiu de preço em 2024 (5,54%), segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Em dezembro, as exportações de ovos do Brasil aumentaram fortemente, chegando a 2.054 toneladas, número 116,8% superior ao registrado no mesmo período de 2023, com 947 toneladas. Neste mesmo mês, a inflação do ovo subiu 1,63%, após queda de 1,23% em novembro. Em janeiro deste ano, o IPCA detectou mais um aumento do preço médio nacional do ovo (alta de 0,89%).
O ovo é um dos itens alimentares mais usados pelas famílias, principalmente as mais pobres, como substituto das carnes. Nos primeiros meses deste ano, o kg do Acém pode ser encontrado na casa dos R$ 40, por exemplo, em açougues e supermercados da cidade de São Paulo.
Quando o preço da carne bovina aumenta, os consumidores tendem a buscar alternativas, como frango, ovos ou carne de porco. Por consequência, os preços dessas proteínas alternativas, também tendem a subir, por conta da oferta que pode não ser suficiente. Mas, no Brasil, o preço interno do ovo, assim como os das carnes e café, também estão sendo contaminados pela alta demanda externa destes produtos exportáveis.
Embora menos impactado do que o café (preço subiu acima dos 50% em 2024), e as carnes (alta de mais de 20%), o mercado de ovos também pode ser afetado por momentos de câmbio favorável e demanda externa em alta. Neste ambiente, os produtores internos ajustam seus preços para maximizar seus ganhos em dólares, o que, consequentemente, leva para os aumentos dos preços domésticos.
Nos Estados Unidos, os preços dos ovos dispararam frente ao surto de gripe aviária que atinge diversas regiões do país e já forçou a morte de 120 milhões de aves em 49 estados estadunidenses.
Com a oferta do ovo sendo limitada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou o preço dos ovos de US$ 2,94 para US$ 4,44 por dúzia. Neste cenário, a ABPA projeta que as exportações brasileiras de ovos avancem 10% neste ano, atingindo 22 mil toneladas.
Em 2024, os EUA foram o terceiro destino da exportação brasileira de ovos, com 2.115 toneladas (alta de 84,9% em relação ao ano anterior). O Chile é o maior importador de ovos do Brasil, com 6.871 toneladas ( alta de 141,4%), seguido pelos Emirados Árabes Unidos, com 2.354 toneladas (alta de 108,7%).